Dimensões do sofrimento e bem-estar espiritual de pacientes com câncer em tratamento quimioterápico: estudo misto sequencial explanatório

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mendonça, Angelo Braga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26415
Resumo: Introdução: O sofrimento para pacientes com câncer é uma condição prevalente e afeta a qualidade de vida, saúde mental e adesão ao tratamento proposto. Reconhecer e desvelar o que é o sofrimento para os pacientes em quimioterapia e quais fatores interferem nesta experiência é crucial para uma avaliação justa, pois diferenças nas formas de encarar o sofrimento por parte de pacientes e seus cuidadores podem fazer com que ele seja inadequadamente tratado. Objetivo geral: Averiguar a validade do constructo teórico ‘Avaliando, dimensionando e neutralizando a ameaça’ extraído da metaetnografia ‘Experiências de sofrimento de pacientes com câncer em quimioterapia’. Objetivos específicos: Identificar associações do sofrimento de pacientes em quimioterapia com variáveis sociodemográficas, clínicas e espirituais; detectar o efeito do bem-estar espiritual na intensidade de sofrimento de pacientes iniciando quimioterapia na pandemia; desvelar a percepção do tratamento quimioterápico de pacientes rastreados com o termômetro de sofrimento; descrever experiências de pacientes iniciando quimioterapia no período de pandemia; e explicar os resultados quantitativos mal compreendidos e inesperados a partir dos achados da entrevista fenomenológica. Método: Estudo longitudinal, de abordagem mista, que segue a estrutura sequencial explanatória descrita por Creswell. Participaram do estudo 91 pacientes em quimioterapia. A etapa qualitativa foi alicerçada na fenomenologia de Merleau-Ponty, com dados analisados segundo o modelo empírico compreensivo de Amedeo Giorgi. Os dados quantitativos foram analisados por estatística descritiva e inferencial, aplicando-se testes de associação para fatores clínicos, sociodemográficos e espirituais envolvidos no sofrimento, e modelo múltiplo para tratar variáveis de confundimento na primeira medida. Resultados: A abordagem fenomenológica desvelou as categorias: Um caminho doloroso; Uma experiência gloriosa; e Transformando a busca por significado em fenômeno. Componente essencial do sofrimento foi a vivência de uma experiência gloriosa através da fé, esperança por redenção, salvação, aproximação dos familiares, crescimento espiritual, e confiança no poder de Deus para recompensar o sofrimento. A prevalência de sofrimento foi de 59,5%, e o escore médio de bem-estar espiritual foi de 106,54 (±9,06) na primeira fase. As questões emocionais foram as mais relatadas pelos pacientes com sofrimento. A regressão de Poison mostrou que sexo masculino (RP=0,588; IC95% 0,392–0,881), idade (RP=0,985; IC95% 0,973–0,996) e escore de bem-estar espiritual foram os principais preditores de sofrimento na primeira medida (RP=0,971; IC95% 0,946-0,996). Na fase de acompanhamento observou-se redução da mediana de sofrimento, mas houve aumento da mediana do escore de bem-estar espiritual. Dos 89 participantes entrevistados na etapa de acompanhamento, 43% permaneceram sem sofrimento, 25% tiveram melhora, 12% evidenciaram sofrimento somente após a quimioterapia e 20% evoluíram com níveis sustentados de sofrimento. Conclusão: A fusão dos dados qualitativos e quantitativos reafirmou a descoberta da metassíntese de que o sofrimento não é um ponto final, uma vez que os pacientes lutam ativamente para reconquistar seus objetos de perda e encontrar novas maneiras de se relacionar com eles. Esses achados indicam que o alívio do sofrimento envolve a implementação de programas de saúde pública capazes de integrar intervenções espirituais ao cuidado do câncer.