O processo de trabalho na estratégia saúde da família: os problemas e conflitos bioéticos que efluem da produção com o outro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Marin, Juliana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/5007
Resumo: A complexa prática de produção do cuidado na Estratégia Saúde da Família (ESF) apresenta singularidades que perpassam e caracterizam os problemas e conflitos bioéticos que surgem no processo de trabalho. Nesse cenário, o objetivo desse trabalho é analisar as razões dos problemas e conflitos bioéticos que emergem do processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família e o modo de agir dos profissionais frente a eles, tendo como referência de análise a Teoria do Agir Comunicativo. Para alcançar esse propósito, realizou-se uma investigação qualitativa que contou com três etapas de operacionalização: etnografia, entrevista e grupo focal. A produção do cuidado, por vezes, desfigura-se, transparecendo modos de agir orientados para obtenção de êxitos individuais, que se tornam problemas bioéticos com potencial para gerar conflitos quando provocam a desagregação dos envolvidos, pela não aceitabilidade do seu modo próprio de agir. O principal problema bioético encontrado na equipe foi o descompromisso de profissionais frente a outros profissionais e ao paciente. A razão desse problema está relacionada à ausência de razoável competência interpessoal, às necessidades não atendidas do profissional, à hierarquia e à baixa maturidade psicológica. No processo de trabalho interequipes, o principal problema bioético encontrado foi a falta de solidariedade entre os profissionais das equipes e desses frente aos pacientes que não pertencem ao setor do território sob sua responsabilidade. As razões desse problema estão associadas à cobrança da gestão por incremento da produção para o alcance de metas, à falta de valorização dos trabalhadores e dos seus esforços no desenvolvimento do trabalho, por parte da gestão, e à estima assimétrica entre os profissionais das equipes. Da mesma forma que pode suscitar problemas e conflitos, o modo de agir pode contribuir para sua resolução, manutenção ou agravo. Diante de um conflito bioético, alguns profissionais agem orientados ao próprio êxito através do agir instrumental ou estratégico, o que não promove a sua resolução, mas a sua latência, e compromete os propósitos desse nível de atenção, em virtude da fragmentação da equipe. Ao contrário, através do agir comunicativo, alguns profissionais buscam um entendimento e um acordo para o êxito coletivo que pode ser traduzido no cuidado do paciente. Não basta agrupar pessoas e prescrever suas atribuições e, assim, conceder-lhes a designação de equipe, é preciso que exista o reconhecimento em sua polissemia, tanto para a produção do cuidado, quanto para produção da equipe