Formações discursivas na aviação: do embate entre a máquina e o homem-executor, ao debate de normas do homem-trabalhador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Motta, Sávio Valviesse da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7791
Resumo: As atividades humanas desenvolvidas no setor aéreo participam da composição de um complexo sistema estabelecido por tarefas fundamentalmente marcadas por normas e prescrições. Identificados à máquina, os trabalhadores devem seguir rotinas algoritmizadas. O ambiente de trabalho onde tais atividades ocorrem atingiu tal grau de automatização e de confiabilidade que é corrente o pensamento de que a ação humana na aviação, ou o erro inevitável que dela decorre, seja o principal fator contribuinte para os acidentes ou incidentes aéreos. Neste sentido, o homem, ou o componente humano, vem sendo apontado desde a década de 1970 como o principal fator de risco. Neste estudo, apresentaremos um vasto movimento de racionalização que organiza o trabalho do aeronauta através de procedimentos de padronização e de controle da tarefa e da função, incluindo nesse processo a própria linguagem. Nossa pesquisa está sustentada pelas hipóteses de que os processos que envolvem o trabalho humano são concebidos sem a participação dos trabalhadores e que doutrinas tecnicistas e disciplinares obliteram a consideração de um intenso debate de normas efetivado por eles. Tomamos por objeto de investigação os discursos sobre o trabalho do aeronauta, ou mais, as formações discursivas que determinam os processos que envolvem esse trabalho. Tais formações discursivas enunciadas no setor aéreo foram reunidas à luz da metodologia arqueológica desenvolvida por Michel Foucault (1969). Acreditamos que a análise do trabalho humano na aviação seria fortemente beneficiada pela consideração dos saberes dos trabalhadores que protagonizam as atividades e que a efetividade dos procedimentos técnicos que regem as operações aéreas esteja associada ao processo de renormatização das prescrições (SCHWARTZ, 1997). O principal fator de risco desse sistema não deveria ser atribuído ao homem, mas às concepções sobre o homem que hoje vigoram nesse campo e, sobretudo, às consequências decorrentes dessas concepções que obscurecem o entendimento das atividades reais desenvolvidas por homens e mulheres em contextos singulares