Estudo dos acidentes com material biológico atendidos no Hospital Universitário Antônio Pedro de 1997 a 2009

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Medeiros, Wilma Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11508
Resumo: Segundo a Organização Mundial de Saúde, ocorrem a cada ano, entre os profissionais de saúde de todo o mundo, cerca de três milhões de exposições percutâneas a líquidos corporais. Teoricamente, isto poderia acarretar, a cada ano, 70 mil infecções pelo vírus da hepatite B (HBV), 15 mil infecções pelo vírus da hepatite C (HCV) e 500 infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Cerca de 40% dos casos de hepatite B e C, e cerca de 2,5% das infecções por HIV que ocorrem entre profissionais de saúde de todo o mundo se devem a exposições percutâneas ocupacionais. Sabe-se que mais de 90% destas infecções ocorrem em países em desenvolvimento; no entanto, 90% das infecções notificadas ocorrem na Europa e nos EUA. Os acidentes ocorridos no Brasil são descritos em pouco mais de 20 artigos, em geral com casuísticas pequenas. O presente estudo descreve os acidentes envolvendo profissionais de saúde, estudantes e profissionais da limpeza (todos denominados de agora em diante “profissionais de saúde”) do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, no período de novembro de 1997 a dezembro de 2009. A incidência nas diversas categorias profissionais foi calculada pelo número de acidentes para cada 100 equivalentes a um trabalhador-ano em tempo integral (ETI). Ocorreram 1457 acidentes envolvendo 1193 profissionais, 70,4% dos quais durante o cuidado com acessos vasculares, procedimentos cirúrgicos e injeções e punções diversas. Ocorreram durante a limpeza do ambiente 224 acidentes, ou seja 15,4%. De todos os acidentes, 900 (61,8%) envolveram perfuração pelo dispositivo em uso (p. ex., agulha), dos quais 169 (18,7%) foram provocados por reencape de agulhas. Envolveram sangue 93,5% dos acidentes. A incidência global foi de 6,2 acidentes para 100 ETI. As categorias profissionais de maior incidência por 100 ETI foram a dos auxiliares e técnicos de laboratório, com 9,7 acidentes; a dos estudantes de medicina, com 9,5 acidentes; a dos profissionais de limpeza, com 9,5 acidentes; a dos auxiliares e técnicos de enfermagem, com 9,2 acidentes; e a dos médicos, com 8,6 acidentes. Os setores do hospital com maior número de acidentes foram a emergência de adultos (312), as enfermarias de adultos (294), o centro cirúrgico (186) e as unidades de tratamento intensivo (93), os setores de diagnóstico (87) e os ambulatórios (76), numa distribuição que não acompanhou a do número de leitos destes setores. A soroprevalência encontrada entre os pacientes-fonte foi de 10,7% para o HIV, 7,2% para o HCV e de 2,6% para o HBV. A soroprevalência prévia para o HIV, HBV e HCV foi, entre os profissionais de saúde testados, de 0,239%, 5,6% e 1,15%, respectivamente. Apenas 61,9% do profissionais e estudantes tinham vacinação completa para o HBV. O uso de luvas constava em apenas 369 dos 944 acidentes envolvendo alguma forma manipulação cirúrgica. O percentual de acidentes acompanhados subiu de 45,8% para praticamente 100% após o Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias ter sido encarregado desta atividade. Foram reincidentes 38,5% dos acidentes. Dois (0,17% dos 1193) profissionais soroconverteram para o HCV em acidentes reincidentes. Não houve conversões para o HIV. Como o número de pacientes-fonte anti-HIV-positivos envolvidos em acidentes com agulhas e outros dispositivos perfurocortantes foi duas vezes superior ao de pacientes-fonte anti-HCV-positivos nas mesmas circunstâncias, o presente estudo corrobora o maior potencial de transmissão parenteral do HCV, em relação ao HIV