Mulata pra f...., preta pra trabalhar”: uma análise da trajetória profissional de servidoras públicas de uma instituição do sistema de justiça fluminense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Melo, Bianca Fortes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25178
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo compreender de que forma a trajetória de mulheres negras que ingressaram no serviço público valendo-se de políticas públicas de reserva de vagas para negros em concursos públicos, é afetada pelo preconceito racial e de gênero. Tendo como local de estudo uma instituição do sistema de justiça de fluminense altamente hierarquizada, cujos mais altos cargos integram o rol das “profissões imperiais” e são ocupados majoritariamente por homens brancos oriundos de famílias tradicionais, a pesquisa, desenvolvida através de um estudo de caso, tem como objetivo principal analisar a trajetória de mulheres negras que exercem funções públicas a fim de identificar de que forma o racismo estrutural opera como impedimento para alcancem postos de liderança. Baseando-se na discussão teórica acerca do papel dos discursos no processo histórico de construção de estereótipos, sob a ótica de Foucault, na naturalização das desigualdades no estabelecimento de relações de poder, segundo Bourdieu, nos estudos relativos às estratégias adotadas pela população negra para ascender socialmente em sentido vertical, desenvolvidos por Hasenbalg e Figueiredo, e ainda na discussão acerca da adoção de políticas públicas de ações afirmativas em concursos públicos e dos múltiplos conceitos de racismo, a presente pesquisa utilizou-se da técnica de triangulação para coleta e tratamento de dados. Além de pesquisa documental e de análise de aderência, foram realizadas entrevistas em profundidade com servidoras da instituição objeto do estudo. Os resultados demonstram a ausência de servidoras negras nos cargos de chefia mais prestigiados e com as mais altas remunerações, e permitem vislumbrar um ambiente organizacional altamente hierarquizado, no qual as servidoras ingressantes pelo sistema de reserva de vagas para negros depararam-se com a emergência de um novo estereótipo: o da cotista. Como proposta de intervenção, sugere-se, dentre outras medidas, a promoção de cursos e treinamentos, focados nos gestores, com a finalidade de promover a disseminação dos princípios de gestão de pessoas para a diversidade no âmbito da organização