Detecção de Mycoplasma spp., Escherichia coli e Enterococcus spp. em aves marinhas de vida livre no litoral do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Brito, Samara Gomes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31584
Resumo: Doenças infecciosas em animais selvagens podem levar à morte de indivíduos, reduzindo a diversidade genética, causando o declínio da população e representando grande risco para espécies em perigo de extinção. Dentre as doenças bacterianas com grande potencial patogênico em aves selvagens, destacam-se os micoplasmas, Escherichia coli e Enterococcus spp. O caráter oportunista de micoplasmas, E. coli e Enterococcus spp. pode ocasionar enfermidades em aves imunossuprimidas, favorecer infecções secundárias, comprometer a vida selvagem e a humana, bem como a indústria avícola. Os objetivos deste estudo foram investigar a presença de Mycoplasma spp., E. coli e Enterococcus spp., avaliar perfil de resistência de E. coli e identificar as espécies dos isolados de micoplasmas obtidos de aves marinhas encontradas em praias do litoral brasileiro. Foram coletadas amostras de swabs de traqueia e de cloaca de 50 aves marinhas, provenientes de resgate por três centros de conservação e reabilitação de animais marinhos, localizados no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. As amostras de traqueia e cloaca foram submetidas ao cultivo para micoplasma, os isolados identificados pela PCR e os não caracterizadas na PCR para espécie-específicas foram sequenciados e realizada a análise filogenética. Para o cultivo de E. coli e Enterococcus spp., amostras de 47 cloacas foram utilizadas. Das colônias isoladas, foram selecionadas até cinco colônias características de E. coli e Enterococcus spp. para identificação pelo MALDI-TOF. As cepas de E. coli foram submetidas a triagem em placas de ágar MacConkey enriquecido com ceftriaxona, ágar MacConkey com ciprofloxacina, ágar cromogênico ESBL e ágar cromogênico KPC. Entre as cepas resistentes na triagem, houve a seleção de uma cepa com maior perfil de resistência por animal. Estas cepas foram submetidas ao teste de sensibilidade à 16 antimicrobianos, utilizados na clínica humana e veterinária, englobando a detecção fenotípica de ESBL. O teste foi realizado por difusão em disco, conforme CLSI. As cepas positivas fenotipicamente para ESBL foram submetidas a detecção dos genes blaCTX-M1, blaCTX-M2, blaCTX-M8. Das 50 aves estudadas, 36% (n=18) foram positivas para micoplasmas ao isolamento. Na PCR para gênero, 56% (n=28) das 50 aves foram positivas para Mycoplasma spp., tendo sido detectado 26% (n=13) na traqueia, 2% (n=1) na cloaca e 28% (n=14) em ambos os sítios. Na PCR especifica, M. gallisepticum foi detectado em 17,8% (5/28) e M. meleagridis em 17,8% (5/28). Ambas as espécies foram detectadas em 14,3% (4/28). Em 50% (14/28) das amostras não foi possível caracterizar a espécie de micoplasma na PCR e estas amostras foram sequenciadas, obtendo-se 10 sequências que apresentam cerca de 98% de similaridade a cepas detectadas em outras aves marinhas, separadas em três clusters. O primeiro próximo a M. meleagridis, o segundo a M. synoviae e o terceiro cluster, mais distante, agrupou o M. tully, M. gallisepticum e M. imitans. Das nove espécies de aves marinhas estudadas, quatro apresentaram micoplasmas no isolamento (Spheniscus magellanicus, Sula leucogaster, Larus dominicanus e Phalacrocorax brasilianus) e cinco na PCR, referindo-se Spheniscus magellanicus, Fregata magnificens, Sula leucogaster, Sula dactylatra e Phalacrocorax brasilianus. Um total de 185 cepas de E. coli foram isoladas e confirmadas em 85,1% (40/47) das amostras aves analisadas. Todas as cepas foram submetidas a triagem para perfil de resistência antimicrobiana, sendo identificadas 109 cepas. Destas, 40 cepas foram selecionadas para teste de sensibilidade frente a 16 antimicrobianos. A maioria (92,5%) apresentou resistência a pelo menos um antimicrobiano e 50% exibiram perfil de multirresistência a até seis classes de antimicrobianos. Seis cepas de E. coli foram positivas no teste fenotípico para ESBL, porém negativas quanto à presença de genes blaCTX-M dos subtipos 1, 2 e 8. Das 182 (84,6%) cepas confirmadas como Enterococcus spp., a mais encontrada foi E. faecalis (n=144) enquanto a menos encontrada foi E. avium (n=1) e E. casseliflavus (n=1), E. faecalis foi detectado em todas as espécies de aves estudadas. E. faecium e E. gallinarum foram identificados em Spheniscus magellanicus e Fregata magnificens, E. hirae em Spheniscus magellanicus, Sula leucogaster e Phalacrocorax brasilianus; E. avium foi identificado em um Spheniscus magellanicus e E. casseliflavus foi identificado apenas no Phalacrocorax brasilianus. Os micoplasmas estavam presentes na maioria dos animais estudados, a maior prevalência ocorreu, proporcionalmente, em Sula leucogaster (77,7%), enquanto a menor em Fregata magnificens (22,2%). Ao conhecimento dos autores, este é o primeiro registro de Mycoplasma meleagridis em Sula dactylatra, Sula leucogaster e Spheniscus magellanicus no Brasil. A análise filogenética identificou Mycoplasma spp adaptados a aves aquáticas. Cepas multirresistentes de E. coli e Enterococcus spp. estavam presentes nas aves estudadas, podendo atuar na sua disseminação