Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Evangelista, Simone Torres |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15888
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Resumo: |
O trabalho docente nas Instituições Federais de Ensino Superior tem sido marcado, principalmente a partir do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado em 1995, pela expansão da lógica neoliberal que fez com que o espaço universitário passasse a se orientar pelos princípios da eficiência, da eficácia e da produtividade, o que desenvolveu novas formas de organização do trabalho que precisam ser investigadas. Nesse sentido, esta tese teve o objetivo geral de investigar as relações entre o ambiente de trabalho na Universidade Federal Fluminense (UFF), o processo de produção de subjetividades e a saúde dos professores. Para tanto, a metodologia utilizada foi a da Cartografia, por possibilitar o acompanhamento dos processos, dos movimentos e dos sentidos, especialmente em uma pesquisa que se dedica a compreender a construção de subjetividades em sua relação com a saúde. Os dados produzidos, que nos permitiram mapear o cotidiano de trabalho docente na UFF em três unidades, indicam grande insatisfação no que tange às condições de trabalho e ao reconhecimento social da profissão. Além disso, os docentes relataram a intensificação de suas atividades expressa na forma de um produtivismo acadêmico, estimulado pelas atuais políticas públicas voltadas à educação superior, que vem afetando suas vidas na medida em que interferem na autonomia do professor e que estabelecem grande competição no ambiente acadêmico, produzindo efeitos nas suas relações interpessoais e, consequentemente, em suas condições de saúde. Foi possível também perceber que essas políticas têm produzido subjetividades desde a formação dos futuros professores universitários que já naturalizam o produtivismo, de modo que quando retornam às instituições de educação superior como docentes utilizam-se das mesmas práticas. Esta pesquisa aponta também para uma organização do trabalho permeada por intensas relações de poder que beiram à violência, mas que não se relacionam diretamente com as políticas públicas e sim com as práticas e com a maneira de lidar com os regimes de verdade instituídos. Os professores relataram enfrentar relações conturbadas desde a chegada em suas unidades, onde se depararam com práticas institucionais cristalizadas que buscaram conformá-los às regras vigentes. Foi possível perceber que, em muitos casos, as subjetividades foram forjadas pelas normas. Além disso, esses docentes revelaram vivenciar, cotidianamente, intensas relações de poder entre grupos que disputam a legitimidade, a autoridade, o reconhecimento acadêmico necessário à obtenção de um poder no contexto institucional. Essa rivalidade cria lados opostos, estabelecendo uma fragmentação das relações interpessoais, na qual o diferente torna-se o inimigo que precisa ser interditado, segregado, excluído e morto politicamente. Evidencia-se, assim, um ambiente bélico nas unidades investigadas, onde as disputas são cada vez mais coercitivas, agenciando modos de ser e provocando conflitos, individualismo, competitividade, desconfiança, isolamento e uma grande insegurança que tem conduzido os docentes a uma instabilidade emocional potencialmente produtora de doença física e/ou mental. Desse modo, não basta uma mudança das políticas públicas para reverter essa situação. É preciso antes, rever as práticas, pois de nada adianta querer mudar esse quadro conservando as bases e os caminhos que o criaram. Como forma de resistência e enfrentamento desta realidade cabe aos docentes um perpétuo exercício ético-estético-político obtido a partir da problematização de si, com vistas a criar formas inventivas de estar no mundo, de se situar nele, de transformá-lo ao transformar-se |