Avaliação toxicológica de vítimas de trauma por arma de fogo, com fragmentos de chumbo alojados no sistema musculoesquelético

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Araújo, Gabriel Costa Serrão de Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/9062
Resumo: O tratamento do trauma por arma de fogo requer a difícil decisão médica de deixar os projéteis no corpo ou retirá-los. Algumas diretrizes gerais foram desenvolvidas para orientar o tratamento, porém ainda carecemos de estudos mais objetivos sobre a repercussão destas condutas a longo prazo. Com esse intuito, pesquisou-se os fatores relacionados à presença desses fragmentos metálicos no corpo, através da anamnese e da dosagem de chumbo no sangue de pacientes que apresentavam os projéteis retidos nos membros ou na coluna vertebral. Foi realizado um estudo tipo caso-controle, com 45 indivíduos em cada grupo. Os prováveis fatores de confundimento gênero, idade e raça, foram controlados através de pareamento. Foram utilizadas amostras de conveniência dos indivíduos atendidos nos serviços de ortopedia das duas instituições participantes: Hospital Universitário Antônio Pedro e Hospital Central da Polícia Militar do Rio de Janeiro. O grupo caso apresentou dose de chumbo no sangue entre 1,1 μg/dL e 61,8 μg/dL, com média e desvio padrão de 9,01 ±9,8. O grupo controle teve uma média de 2.1 ±1.53 μg/dL, com significância estatística, p < 0,001. Foram identificados aumentos das frequências de sintomas relacionados à intoxicação por chumbo no grupo de casos. A “perda de memória” foi o sintoma mais frequente, com odds ratio (OR) de 16; seguido por “irritabilidade”, “fraqueza”, “tremores” e “formigamento nos membros”, OR de 12,6; “mau humor”, OR de 10,2; “dores articulares”; OR de 8,1; “dor de cabeça”, OR de 4,7; “dores musculares”, OR de 4,6; “sono excessivo durante o dia”, OR de 2,9. Foi identificada uma fraca correlação, porém significante, entre a concentração de chumbo e o número de sintomas. O tempo de exposição apresentou uma correlação fraca com a concentração de chumbo, porém, sem correlação com o número de sintomas. Foi observado que a concentração de chumbo não está relacionada à quantidade de fragmentos alojados. No estudo hematológico, pode-se identificar as inclusões eritrocitárias características de intoxicação por chumbo, mesmo em indivíduos com baixos níveis de chumbo no sangue. Todos esses achados vieram corroborar o entendimento da intoxicação por chumbo nas vítimas de trauma por arma de fogo. Mostrou-se a necessidade do monitoramento desses indivíduos e da participação deles no processo decisório sobre a retirada ou não dos fragmentos metálicos alojados