Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Souza, José Carlos Lima de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://app.uff.br/riuff/handle/1/27621
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Resumo: |
O presente trabalho tem com objetivo comprovar a tese de que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST) é um partido político segundo a definição gramsciana para tal conceito. Esta análise se constrói a partir do estudo da história da formação do Movimento, das suas formas de organização, e de mobilização das massas no campo, no Brasil atual, e, sobretudo, do papel e da importância da educação como elemento-base para a consolidação deste Movimento social. A articulação de todos estes fatores foi de fundamental importância para a expansão do MST, levando-o à condição de um Movimento nacional, condição que sustenta a partir de duas estratégias, a territorialização e a espacialização, sendo a educação e a cultura, elementos de destaque na formulação das atribuições de ambas. Por isso mesmo, esta análise privilegia a educação como objeto de pesquisa, mostrando como ela acabou se constituindo em tema e objetivo de tantas discussões políticas desde a formação do Movimento até chegar a se constituir em um dos mais destacados setores na direção do MST. E esta relação entre a vida do Movimento e a luta constante em defesa da construção de uma educação de qualidade, universalizada, em todos os níveis, tanto para a sua militância como para as suas bases sociais, faz dele, para além de um partido político gramsciano, o moderno príncipe educativo brasileiro. Este é grande o objetivo desta tese, ou seja, perceber como um Movimento que organiza a luta pela terra, também organiza e faz avançar a luta por uma educação, que atinja a finalidade de transformar os atores sociais no campo em sujeitos de uma transformação que vai além da simples conquista da terra como bem material. Outra questão é a retomada do conceito de campesinato para definir estes novos sujeitos sociais rurais brasileiros, enquanto classe social, com interesses próprios e uma dinâmica social específica, contrapondo-se às teses de Eric Hobsbawm. Para o historiador inglês, o campesinato tenderia a desaparecer tanto pela modernização capitalista da agricultura quanto pela inviabilidade da existência de um partido agrário. As características peculiares que o conjunto dos camponeses possui no processo de desenvolvimento capitalista, pelo advento da transformação da terra como mercadoria e bem de produção, e pela renda capitalizada da terra, que em síntese cristalizam a contradição capital-trabalho no campo, em última análise criando uma tendência histórica de aprisionamento do campesinato e destruição de sua identidade de classe. Neste sentido, é relevante entender como e com que este conceito é recuperado e resignificado pelo Movimento, para mostrar que a possibilidade contrária foi e tem sido possível, ou seja, que o campesinato brasileiro sobreviveu ao capitalismo, aperfeiçoando formas organizativas, com especificidade própria, fora de uma lógica de lutas políticas contra a exploração, nos moldes assalariados urbanos. Mais uma vez a chave para a compreensão de tal processo é a educação. Seus elementos fundamentais, pelos vínculos que têm com o programa político do MST, o projetam para além dos marcos da luta pela terra, stricto sensu, incorporando anseios por conquistas sociais de caráter universal para o conjunto das classes populares no Brasil, formando neste sentido intelectuais orgânicos com uma leitura de mundo freireana. Esta é a forma da guerra de posição gramsciana travada pelo Movimento na conjuntura brasileira do tempo presente. |