Paixão em estado bruto. Movimento hip-hop: palco e projeto de uma juventude

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Gomes, Jacimar Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Programa de Pós-graduação em Comunicação
Comunicação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/18706
Resumo: O hip-hop surge no Brasil na década de 80, firmando-se como um conjunto de propostas estéticas e políticas construídas a partir da periferia. É marcado, desde sua origem, no final dos anos 60, nas ruas do Bronx, em Nova York, pelo desejo de conciliar os momentos de diversão e alegria com a reflexão sobre a realidade de exclusão e desigualdade que há muito marca os bairros periféricos das grandes cidades, palco por excelência para a criação e fruição cultural do movimento cultural hip-hop. Como poucas manifestações culturais, o hip-hop expandiu suas fronteiras geográficas e de classe, ultrapassando os limites de sua origem nos bairros periféricos. É na dinâmica entre o centro e a periferia que esta manifestação sóciocultural encontra uma forma para legitimar-se dentro de uma cultura global que absorveu sua estética e que tem contribuído para fortalecê-lo como um estilo de vida marcadamente juvenil e bastante influenciada por um volume essencialmente infinito de trocas possíveis. Estas trocas atuam de forma substantiva na produção de sentidos e no imaginário de uma juventude que vem adquirindo múltiplos matizes e identidades na periferia, e têm sido bastante facilitadas pela expansão e sofisticação dos meios de comunicação, fundamentais para uma indústria que não pára de crescer, a da cultura, cuja espantosa capacidade de interferência no estilo de vida movimenta a cadeia produtiva da sociedade de consumo, que por sua vez tem o poder de colocar cada um no seu lugar . A indústria cultural tem provado que os lugares da cultura e da identidade são maleáveis, processuais e negociáveis, e o hip-hop tem mostrado que a dialética resistir e negociar é possível em função das brechas deixadas pela sociedade de consumo. Brechas que tornam-se funcionais para construção de um poder simbólico que culmina no pertencimento a grupos representativos na estrutura social. Contornando a insuficiência de políticas públicas que estimulem a prática cultural, jovens moradores da periferia se articulam com o objetivo de mostrar diferentes formas de expressão artística, de contestação, resistência e engajamento. Sua ideologia mudou de forma e o conteúdo não vem das grandes correntes de pensamento, mas do desabafo que se ouve nas ruelas das favelas.