Segregação multiescalar urbana: investigando padrões de autossimilaridade nas estruturas socioespaciais brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Camila Lima e Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28671
Resumo: A segregação residencial parece ser um fenômeno inerente às cidades brasileiras, presente não só na escala da cidade, mas em diferentes escalas urbanas — de regiões metropolitanas a bairros e ruas. Apesar do grande número de trabalhos sobre segregação ao longo de uma tradição de mais de cem anos de pesquisa, a natureza multiescalar da segregação ainda é pouco explorada na literatura. Esta tese investiga a segregação como uma característica estrutural dos espaços urbanos brasileiros, presente em escalas distintas, mesmo em áreas aparentemente homogêneas. A tese problematiza a definição de segregação residencial através do conceito de escala nos estudos urbanos a fim de investigar a hipótese de que a segregação residencial apresenta um padrão espacial autossimilar em diferentes escalas urbanas. Em outras palavras, a “hipótese da segregação multiescalar urbana”, aqui formulada, postula que o padrão espacial da segregacão residencial nas cidades brasileiras é replicado através das escalas. Esta hipótese é explorada através da identificação de padrões de segregação intra-urbanos em regiões metropolitanas, municípios, bairros e favelas em uma série de estudos complementares. O primeiro estudo investiga a estrutura socioespacial nas duas maiores regiões metropolitanas brasileiras (RMs), São Paulo e Rio de Janeiro, com base em grupos populacionais de renda. A análise é feita por meio de técnicas estatísticas e de análise espacial (densidades de Kernel), buscando compreender o padrão de localização dos habitantes mais pobres e mais ricos. O segundo estudo verifica a hipótese da autossimilaridade da segregação residencial. A segregação residencial é mensurada através de diferentes medidas de segregação (índices de Moran, Dissimilaridade e Informação) e sob diferentes unidades espaciais e extensões, da RM à escala intraurbana dos bairros do Rio de Janeiro e São Paulo. Por meio de técnicas estatísticas de correlação e regressão, o estudo identifica uma relação linear entre escala e segregação: quanto maior a área urbana (medida por tamanho da população e área), maior o nível de segregação global. O terceiro estudo explora as características de espaços segregados em diferentes escalas através da análise da presença de fatores de vulnerabilidade ambiental e distribuição desigual de equipamentos e acesso a serviços públicos. Essa análise compara os grupos segregados de alta e baixa renda definidos pelo Indicador Local de Associação Espacial (LISA) no Rio de Janeiro e São Paulo. O estudo final investiga a segregação na escala local das favelas, que são frequentemente consideradas socialmente e espacialmente homogêneas. Ao centrar a análise na escala das favelas enquanto áreas conhecidas como espaços de pobreza, a tese busca verificar a existência de padrões de segregação residencial similares àqueles encontrados na escala da cidade. A fim de obter uma amostra considerável de aglomerados subnormais, o estudo mensura a segregação em favelas em nove cidades brasileiras utilizando o índice de Moran global e local (LISA). O conjunto de achados empíricos produzidos por essas abordagens sucessivas sugere que a segregação residencial apresenta uma característica de autossimilaridade capaz de permear até mesmo áreas que parecem socialmente homogêneas, configurando-se como um fenômeno estrutural, presente em diferentes lugares e escalas simultaneamente.