Turismo de base comunitária à luz do pensamento decolonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Martins, Joanna Lopes de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31315
Resumo: O presente trabalho é uma pesquisa exploratória com objetivo de compreender como o pensamento decolonial está sendo incorporado ao turismo. Mais especificamente, procura estabelecer uma relação entre o Turismo de Base Comunitária (TBC) e as ideias decoloniais. Esse pensamento tem como essência “a revolta intelectual contra uma perspectiva e um modo eurocentrista de produzir conhecimento” (QUIJANO, 2009, p. 75). Já o TBC possui princípios como o acolhimento e a hospitalidade, além de haver um maior comprometimento dos atores locais (BARTHOLO, 2012). Para isso, recorreu-se a pesquisas bibliográfica, documental e de campo. A pertinência do trabalho se assenta nas consequências de uma história colonial dependente da escravidão, percebidas na desigualdade social e no racismo presentes na sociedade brasileira, principalmente em relação às populações indígenas e negras. Tal fato reverbera também no pensar e no fazer turismo. De maneira que se realizou uma Revisão Sistemática da Literatura para identificar como a decolonialidade e o turismo vêm sendo associados na academia. Apurou-se que, dentre outras possibilidades, iniciativas de turismo receptivo que oferecem roteiros afrocentrados, ou seja, focados em histórias e acontecimentos relativos às culturas afrodescendentes, podem ser entendidas como ações decoloniais. Assim, identificou-se, na cidade do Rio de Janeiro, tais práticas em iniciativas que se autodeclaram ou atendem às premissas inerentes ao TBC. Constatou-se que há profissionais do turismo receptivo que vêm trabalhado com roteiros focados no repertório patrimonial (material e imaterial) referente às culturas das populações negras que para cá vieram escravizadas. Nesse sentido, três agências locais foram selecionadas para realização de observação direta de quatro roteiros (“walk tours”). Com isso, buscou-se evidenciar as narrativas adotadas a partir dos atrativos visitados. Paralelamente, foram feitas entrevistas estruturadas com os respectivos guias na tentativa de acessar as motivações que estimulam a criação de roteiros com essa temática. Foram identificadas duas linhas de atuação: uma associada ao afroturismo e outra ao TBC. Os logradouros públicos e as artes urbanas, como os grafites, são atrativos presentes em todos os roteiros, uma vez que os monumentos referentes às culturas afrodescendentes são escassos. Combater a carência de lugares que representem a história negra, ou seja, o apagamento e o silenciamento é o que os guias pretendem com a realização dos roteiros afrocentrados. Finalmente, demonstrou-se que a conexão do TBC com o pensamento decolonial está na convergência de ambos para a difusão de saberes e fazeres dos grupos historicamente invisibilizados, bem como a crítica ao sistema econômico neoliberal. Portanto, a afirmação de que o TBC pode ser uma expressão da decolonialidade está fundamentada no argumento de que se pretende um turismo mais igualitário, socialmente justo, realizado a partir do respeito aos conhecimentos locais e às memórias que não podem ser esquecidas.