O maestro do mundo: Heitor Villa Lobos (1887-1959) e a diplomacia cultural brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rodrigues, Pedro Henrique Belchior
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28181
Resumo: Esta tese busca examinar o papel do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959) na diplomacia cultural do Brasil entre as décadas de 1920 e 1950. O conceito de diplomacia cultural busca delimitar a ação de determinados grupos sociais – escritores, jornalistas, professores, pesquisadores, músicos e artistas plásticos, entre outros – nas relações internacionais, estando ou não articulados com os meios diplomáticos oficiais. Nesta tese, o foco recai sobre a ação de Villa-Lobos e de outros músicos envolvidos com a difusão da produção cultural brasileira no exterior, bem como a relação estabelecida entre eles e seus congêneres em outros países – especialmente nos continentes americano e europeu. Heitor Villa-Lobos dedicou um tempo expressivo de sua carreira de músico ao Estado, entendendo a música como um importante instrumento de educação e de promoção do entendimento entre os povos. Nesse sentido, suas ações transcorreram em duas vias: a pedagógica – por meio do programa de educação musical implementado no Distrito Federal a partir de 1932, e depois disseminado pelo Brasil – e a diplomática – especialmente a partir da década de 1930, quando atuou como um emissário musical do Brasil – e da música de concerto local – em países da América e da Europa, além de Israel. Nesse sentido, o presente texto examina as possíveis relações entre música, sociedade, política e relações internacionais em meados do século XX a partir da trajetória de VillaLobos. Apesar da importância da “diplomacia informal” exercida pelo músico, um exame mais minucioso e sistemático dessa atuação constituía uma lacuna historiográfica, que esta tese procurou trazer à luz. A tese desdobra-se em duas frentes. A primeira busca responder de que modo as memórias de e sobre Villa-Lobos, construídas ao longo de décadas, ajudaram a constituir uma relação direta e unívoca entre sua obra e a identidade nacional. O processo de construção de memórias consolidou uma narrativa hegemônica sobre VillaLobos que, de tão ecoada, foi assumida por vários pesquisadores e orientou boa parte dos trabalhos acadêmicos sobre o tema. A segunda frente discute o processo pelo qual VillaLobos se tornou o principal diplomata musical brasileiro de seu tempo, e como essa atividade expressou interesses do Estado (em especial o Itamaraty) e dos músicos eruditos, além, é claro, dos interesses pessoais e profissionais do próprio compositor, cioso de conquistar novos mercados, para além do reduzido campo da música erudita no Brasil.