O guarani como língua oficial e a promoção de um bilinguismo imaginário no Paraguai

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Colaça, Joyce Palha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3290
Resumo: Nesta tese, temos como objetivo compreender os processos de produção de sentidos sobre as línguas guarani e espanhola em contexto de bilinguismo no Paraguai. Filiamo-nos às pesquisas desenvolvidas no âmbito da História das Ideias Linguísticas (AUROUX, 1998, 2009 [1992], 2010 [1994]; ORLANDI, 1983, 1988, 2008 [1990]), em seu entrelaçamento com Análise do Discurso de linha francesa (PÊCHEUX, 1988 [1975], 1990 [1969]; 2010 [1994]), para construir nossa reflexão e avançar nos estudos referentes ao tema. Para compor nosso arquivo de análise, tomamos os textos das Cartas Magnas desde o primeiro Regulamento de Governo, de 1813, até a atual Constituição da República do Paraguai, de 1992, que oficializou a língua guarani. Também fazem parte do nosso arquivo os textos da Lei Geral de Educação nº 1264/1998 e da Lei n° 3231/2007 e da Lei de Línguas nº 4251/2010. Para compreender os sentidos produzidos acerca do imaginário de bilinguismo, analisamos as ações da Secretaria de Políticas Linguísticas, a partir da descrição de três projetos, dentre os quais selecionamos o intitulado Rohayhu Che Ñe'ẽ: una semana en lengua guaraní. Observamos o funcionamento dos discursos sobre o guarani no espaço de enunciação (GUIMARÃES, 2005) paraguaio e, também, no latino-americano, por sua incorporação como língua oficial de trabalho do Mercosul. Pela análise empreendida no decorrer desta tese, verificamos como a memória (PÊCHEUX, 2007) sobre as línguas se inscreve nas discursividades das leis de educação e na produção de políticas de línguas sobre o bilinguismo, pela promoção de um bilinguismo imaginário, que significa a língua guarani num lugar de tradição, de patrimônio e de identidade nacional em oposição à língua espanhola, significada, pela historicidade dos processos de produção de sentidos, como a língua de civilização e de conhecimento. No jogo das relações de forças travadas no embate entre as línguas, nas textualidades analisadas, se materializam os efeitos de sentidos produzidos ideológica e historicamente, em um processo que segue promovendo a língua espanhola e silenciando a língua guarani no Paraguai.