Práticas sociais locais na atenção básica: reflexões a partir da experiência do projeto Saúde Veste Kimono

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pereira, Maria Teresa Castro Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/8960
Resumo: Esta pesquisa teve como objeto central analisar uma prática de cuidado à saúde em uma Unidade de Saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A partir da percepção de um agente comunitário de saúde, da importância de aproximar crianças e adolescentes da unidade de saúde e desenvolver ações de prevenção às violências e ao uso de drogas, foi iniciado um projeto de aulas de Jiu-jítsu (Projeto Saúde Veste Kimono), na unidade de saúde de Portus, Quitanda e Tom Jobim, localizada no bairro de Costa Barros, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, localidade com o segundo menor IDH da cidade e altos índices de violência. Para conhecer essa experiência em profundidade utilizou-se como método principal a observação participante, por quatro meses foram feitas visitas semanais à unidade de saúde, complementadas por seis entrevistas semiestruturadas com profissionais de saúde e um grupo focal com os alunos do Jiu-Jítsu. Na análise do material produzido no diário de campo e entrevistas foi utilizada a técnica da análise temática, identificando-se assim os modos de fazer do projeto, suas potencialidades e dificuldades no cuidado integral à saúde, e na constituição de uma rede de apoio social que crie outras perspectivas de mundo para crianças e jovens da comunidade de Portus e Quitanda e do condomínio Tom Jobim, objetivos dessa pesquisa, na perspectiva de contribuir para a discussão sobre novas práticas de saúde na atenção básica. Com a implantação do modelo da ESF, que pressupõe uma reorganização do modelo tecnoassistencial com ações voltadas para populações delimitadas em territórios adstritos, considera-se importante conhecer estratégias locais que pretendam interferir na realidade dessas comunidades. As relações estabelecidas a partir da escuta, dedicação e afetividade, desenvolvem no grupo a confiança e um forte vínculo das crianças e adolescentes com a equipe do Jiu-jítsu, o que constitui para esses jovens um referencial diferente daquele encontrado na comunidade, de violência e desrespeitos aos direitos. O projeto acolheu as crianças e adolescentes na unidade de saúde, e ajuda-os a vencer inseguranças e medos, fortalece a autoestima e o autocuidado, traz novas perspectivas de vida e possibilita a construção de uma rede de apoio social. Observa-se que o convívio na academia tem uma função social para o grupo para além da arte marcial, traz o sentido de sociabilidade e grupalidade. Entretanto, poucos profissionais da unidade se envolvem nas atividades, com processo de trabalho procedimento centrado, não percebem as potencialidades de uma prática de cuidado à saúde voltada para uma concepção ampliada de saúde; que interfere num dos maiores determinantes sociais da saúde na localidade, as violências. Assim como não são desenvolvidas atividades reflexivas com a comunidade, nem articulações intersetoriais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no território. Também não foram identificadas redes socais locais