Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silvestre, Camila |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/33184
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Resumo: |
Esta tese busca compreender o complexo (e aparentemente paradoxal) vínculo entre as imagens de felicidade e perfeição que circulam nas redes sociais da internet, por um lado, e a crescente incidência de diagnósticos de transtornos psíquicos na sociedade contemporânea, por outro lado. De acordo com a pesquisa aqui proposta, ambos os fatores estariam relacionados, compartilhando as premissas dos modos de vida propagados nas redes sociais, tanto por “influenciadores digitais” como por usuários em geral. Valores como a superexposição, o reconhecimento social e o sucesso, entre outros igualmente almejados na cultura atual, podem estar propiciando o desenvolvimento de uma série de sofrimentos, hoje em auge, tais como a depressão, a ansiedade, a bulimia e a anorexia. A profissão de influencer, ainda muito recente, é considerada um “trabalho dos sonhos” na atualidade, devido não apenas às promessas de uma carreira flexível, dinâmica e criativa, supostamente acessível a “qualquer um”, como também à oportunidade de atingir fama e dinheiro através da exibição da própria cotidianidade, divulgando produtos e serviços associados a um determinado “estilo de vida”. Alinhados à estética publicitária, esses profissionais tornaram-se conhecidos por exibir suas rotinas “felizes”, plasmadas em imagens repletas de benefícios, num regime de exposição que borra as fronteiras entre dia e noite, público e privado, trabalho e lazer. No entanto, cada vez é mais notório que, em meio às imagens de bem-estar, essas figuras públicas passaram a transmitir queixas acerca de seus mal-estares e sua saúde mental, associadas às fortes demandas de “alta performance” exigidas pela profissão, mas também relativas aos mais diversos dissabores pessoais. No entanto, essas manifestações de sofrimento não se dão ao acaso, são selecionadas a partir de uma determinada curadoria, e testemunhadas ao público por meio de narrativas específicas, que buscam uma suposta autenticidade que desperte a empatia e a compaixão da audiência. Esta tese levanta a hipótese de que alguns dos valores que são enaltecidos e desejados de modo hegemônico na contemporaneidade, como autonomia, individualidade e sucesso, entre outros alinhados ao ideário neoliberal, são os mesmos que costumam levar ao esgotamento físico e mental de boa parte da população. Em vez de uma contradição ou um paradoxo, haveria uma interdependência entre esses novos modos de sofrer e os estilos de vida considerados mais desejáveis na atualidade. Considera-se, assim, que o tipo de sociabilidade que se desenvolve nesses ambientes é tanto efeito como instrumento do peculiar jogo de forças da contemporaneidade, seguindo a perspectiva teórico-metodológica enunciada por Michel Foucault em suas análises genealógicas. |