Avaliação da contaminação por arsênio em solos, sedimentos e águas fluviais na região da mina de ouro “Morro do Ouro”, Paracatu-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos, Maria Carla Barreto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/1530
Resumo: Esta tese faz parte do projeto “Avaliação da Contaminação Ambiental por Arsênio e Estudo Epidemiológico da Exposição Ambiental Associada em Populações Humanas de Paracatu-MG”, coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral – CETEM/MCTI e financiado pela Prefeitura Municipal de Paracatu. O município de Paracatu abriga a maior mina de ouro do Brasil, “Morro do Ouro” (cerca de 15t de ouro/ano) que é também a maior mina de ouro a céu aberto do mundo. Os teores de ouro são baixos (entorno de 0,4g/t) e intimamente associados à arsenopirira (FeAsS), exigindo a movimentação de grandes quantidades de rocha e tratamento intensivo do minério. Estudos prévios apontam uma possível contaminação por Arsênio (As) resultante desta atividade mineradora. A exposição crônica ao As inorgânico, sobretudo As(III), pode ocasionar doenças vasculares periféricas e câncer de bexiga, pulmão e pele. Esta pesquisa buscou avaliar a distribuição e a disponibilidade geoquímica do As em solos, sedimentos de corrente e águas fluviais em bacias hidrográficas na área de influência da mineração aurífera (duas sob influência direta e uma terceira – controle – não afetada pela mineração). Foram coletadas amostras em período seco (setembro de 2010 e 2011) quando é maior a interação entre os compartimentos geoquímicos e o efeito de fluxos de poluentes, e analisados parâmetros in situ e ex situ. Cerca de 75%, 55% e 40% das amostras de solos, sedimentos e águas fluviais, respectivamente, apresentaram As acima dos valores orientadores especificados pelas resoluções do CONAMA. Nas duas bacias sob influência direta da mineração as concentrações tenderam a diminuir com a distância das atividades e instalações. Na bacia controle, todas as amostras atenderam aos critérios legais. A principal via de exposição do As é o consumo de água. 97% da população urbana de Paracatu é abastecida por água fluvial captada na bacia controle (igual ou menor que o LD <0,5μg.L-1), e após tratada e distribuída por rede pública. As concentrações relativamente baixas obtidas nas águas fluviais em geral na área do estudo devem-se à bem delimitada estrutura geológica do depósito de ouro, às baixas concentrações de As na rocha hospedeira regional (filitos) e à sorção por óxi-hidróxidos de Fe componentes de solos e sedimentos (análises de DR-X). Este último aspecto ficou demonstrado por correlações positivas e significativas entre As e Fe em solos e sedimentos, e negativa nas águas; pelo fracionamento geoquímico através de extrações sequenciais BCR; e pela análise estatística por componentes principais a partir das características químicas de solos, sedimentos e águas. A utilização de diagramas de pH-Eh sugerem a coexistência de As(III) e As(V), com a predominância deste último (forma de menor risco). O balanço de massas dos fluxos de As nas águas fluviais corroborou: o gradiente negativo das concentrações a partir da mineração; a retenção do As na área urbana (o esgoto doméstico não demonstrou ser uma fonte relevante de As); e a influência possível de fontes de As originadas em antigas áreas de garimpos de ouro.