Estudo clínico-epidemiológico da infecção pelo parvovírus humano B19 em pacientes infectados pelo HIV acompanhados no serviço de doenças infecciosas e parasitárias do Hospital Universitário Antônio Pedro - Niterói, RJ, no período de 2001 a 2008

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Azevedo, Kátia Martins Lopes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/9959
Resumo: O parvovírus humano B19 (B19V) está relacionado a diferentes quadros clínicos, dentre eles a anemia crônica em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Objetivos: Determinar a soroprevalência de anticorpos IgG anti-B19V; estabelecer a frequência da soroconversão para o B19V; identificar a ocorrência de anemia prolongada nos pacientes que apresentaram soroconversão. Métodos: Foram estudados pacientes adultos, infectados pelo HIV, com amostras sanguíneas coletadas entre novembro/2001 e outubro/2008 e estocadas na soroteca do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias, Hospital Universitário Antônio Pedro, Niterói, RJ, para a detecção de anticorpos IgG e IgM específicos por ensaio imunoenzimático. A avaliação clínica foi feita pela revisão de prontuários médicos. Resultados: Anticorpos IgG anti-B19V foram detectados em 164/261 pacientes (62,9%-IC-95%:56,7-68,7%). A soroprevalência não foi influenciada pelo sexo, idade, escolaridade, município de residência, linfócitos CD4+ e CD8+ , relação CD4+ /CD8+ , concentração e hemoglobina e ano de coleta da amostra sanguínea. A chance dos pacientes com carga viral do HIV<10.000 cópias/mL serem soropositivos para o B19V foi igual a 2,2 vezes a dos pacientes com carga viral ≥10.000 cópias/mL [RC: 2,21 (IC95%:1,15-4,24)]. A soroconversão foi constatada em 28 (31,8%) dos 88 pacientes; em três foi detectada a presença de IgM anti-B19V. A soroconversão foi mais frequente nas amostras coletadas em 2005 (9/28–32,1%) e 2006 (6/28–21,4%) e não variou com o sexo, idade, nível educacional, município de residência, classificação clínica do HIV, linfócitos CD4+ e CD8+ e carga viral do HIV. A chance dos pacientes que apresentaram soroconversão serem anêmicos foi igual a 5,4 vezes a dos pacientes que não apresentaram soroconversão [RC:5,40 (IC-95%:1,33-22,93)]. Em uma paciente ocorreu hidropisia e óbito fetal por toxoplasmose congênita consequente à reativação assintomática da infecção materna. A anemia prolongada foi observada em 8/28 pacientes que apresentaram soroconversão e em um deles foi relacionada exclusivamente à infecção pelo B19V. Em 20 pacientes não havia dados clínicos e laboratoriais que pudessem identificar a ocorrência de anemia prolongada. Conclusões: A prevalência de anticorpos IgG anti-B19V foi influenciada apenas pela carga viral do HIV, sendo mais elevada nos pacientes com carga viral do HIV<10.000 cópias/mL. Dos 88 (31,8%) pacientes suscetíveis ao B19V, 31,8% adquiriram a infecção, principalmente durante os períodos epidêmicos. A soroconversão para o B19V não foi influenciada pelas variáveis estudadas e estava fortemente associada à anemia na última amostra negativa para IgG anti-B19V. Anemia prolongada ocorreu em pelo menos 28,6% dos pacientes que apresentaram soroconversão. A presença de anemia prolongada, especialmente durante epidemias de B19V, deve alertar o médico para a possibilidade de infecção pelo B19V. Na era da terapia antirretroviral altamente potente, e consequente reconstituição imune, a infecção pelo B19V pode cursar com anemia prolongada de menor gravidade