Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Cunha, Vanessa Monteiro |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/34053
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Resumo: |
Esta pesquisa pretende compreender de quais maneiras a raça influencia a composição de classe dos entregadores de aplicativo no Brasil. A interseção entre o capitalismo de plataformas e o capitalismo racial é o referencial teórico para o desdobramento do problema desde uma perspectiva materialista. Para tanto, vale-se de pesquisa etnográfica realizada com entregadores de aplicativo de Niterói que participaram de mobilizações nacionais da categoria a partir da eclosão da pandemia de Covid-19, em 2020. Estes materiais são confrontados com a política do iFood - maior aplicativo de delivery do Brasil - para os entregadores, com ênfase a política para o ramo de Diversidade e Inclusão da empresa. As características da formação histórica da classe trabalhadora no Brasil e na América Latina, tais como a divisão racial do trabalho e a informalidade, estão justapostas nos novos modos de espoliação após a crise estrutural do capitalismo revelada a partir de 2008 e intensificada no contexto pandêmico. Nota-se como a plataformização do trabalho está circunscrita pela necropolítica, imbricada pela racionalidade neoliberal e pela dissolução de qualquer traço de comoção social. Assim, as características técnicas do trabalho de entregas mediado por plataformas digitais, somadas as manifestações de racismo explícito, expõem as condições de invisibilidade e desumanização às quais os entregadores estão submetidos, ao que denominam em certas circunstancias como “escravidão moderna” e conceitos semelhantes. O fator racial está presente também na composição política da categoria, que se vale de formas de resistência coletiva pré-existentes, tal como a solidariedade mútua e aspectos da estética e cultura presentes em contextos periféricos. Conclui-se que os conflitos entre os entregadores de aplicativo com o iFood estão atravessados pelos antagonismos de raça e classe que emergem da estrutura segregacionista da empresa, para a qual a raça é incorporada enquanto peça publicitária. A falsa democracia racial do iFood, revelada pela política identitária da empresa em contraposição ao “apartheid 4.0”, são a confirmação de que a raça tem papel central para a compreensão do fenômeno denominado como uberização do trabalho, apesar da pouca bibliografia com este enquadramento nas Ciências Sociais até o momento. |