Nas margens da modernidade: música e percursos de memória em Teresina (anos 1980)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Fernando Muratori
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28251
Resumo: A presente tese se dedica a analisar os percursos de memória trazidos nas narrativas referentes à música autoral independente de Teresina/PI nos anos 1980. Busca-se uma reflexão sobre a relação de Teresina com os diferentes espaços – local, nacional e global – e sua condição à margem no processo histórico, como periferia dentro da periferia no fluxo de sentidos, bens econômicos e culturais e serviços na modernidade global. As discussões sobre as memórias da geração de músicos independentes, trilhadas no tempo presente, foram realizadas a partir das entrevistas de história oral com músicos, radialistas e produtores musicais que atuavam em Teresina na década de 1980. Tais narrativas foram cotejadas com a análise de matérias da imprensa local e de gravações musicais dos artistas estudados. A análise foi construída de forma a dialogar com elementos do debate público – presentes nos jornais (opiniões, críticas, divulgações e coberturas) e nas produções de sentido dos músicos (expressas em seus LPs). As memórias orais perfazem múltiplos aspectos da cidade vivenciada pelos próprios músicos na referida década. Considerando que a memória é uma construção narrativa do passado a partir de valores, conceitos e vivências do presente, o intuito foi discutir as representações das vivências e sentimentos de passado construídos pelos sujeitos históricos - subjetividades atuais analisadas enquanto uma identidade social fluida e dinâmica. Ao mesmo tempo, percorre-se aqui uma narrativa em que esses sujeitos apresentam seus contextos de vivências e eles próprios como imersos em uma relação de intenso diálogo entre tradição e modernidade – e entre local, nacional e global – observando uma pluralidade de sentimentos e representações onde se encontram em primeiro plano tanto belos passados – evidenciados como tempos de potência e de grandes realizações apesar do suposto “atraso” da cidade – quanto ressentimentos que envolvem os desafios enfrentados em relação à conquista por suas atividades e vivências musicais de espaços condizentes com seus anseios. Ambas as manifestações da memória – belo passado e ressentimento – não são categorias estanques de análise, sendo que na maior parte do tempo as representações erguidas pelos entrevistados são mesclas dos dois tipos de sentimentos, com variações na predominância de cada um dependendo do momento e da vivência narrados. Foi possível, na pesquisa documental, perscrutar as memórias à margem da modernidade por meio do diálogo entre tradição e modernidade, global e local.