Análise do surto respiratório e da atividade fagocítica de neutrófilos humanos em sangue total: aplicação ao estudo de pacientes com fibrose cística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Praxedes, Anísia Torquilho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11693
Resumo: A Fibrose Cística (FC) é uma doença autossômica recessiva, caracterizada pela disfunção de uma proteína, codificada pelo gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), responsável pela regulação do fluxo de diversos íons, em especial dos íons Cl-. Indivíduos fibrocísticos apresentam alterações de composição e viscosidade das secreções exócrinas e da interface fluida que reveste as vias aéreas. Estas alterações são decisivas para que estes fluidos não sejam eliminados de forma adequada, o que propicia tanto a obstrução de ductos glandulares como o estabelecimento de infecções pulmonares com suscetibilidade aumentada para Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e bactérias do complexo Burkholderia. Nestes pacientes, infecção e inflamação são fatores interdependentes e concomitantes, porém distintos, que contribuem para a deterioração da função pulmonar. Num contexto imunológico, os mecanismos de imunidade são incapazes de erradicar a infecção. Considerando que as mutações do gene CFTR podem afetar, direta ou indiretamente, a função dos neutrófilos por gerarem um defeito seletivo da atividade microbicida, e que este defeito prejudica a interação dos neutrófilos com os patógenos, este trabalho teve como objetivo avaliar, em citometria de fluxo, a atividade funcional de neutrófilos humanos em pacientes fibrocísticos. Para isto, buscou-se definir diferenças quantitativas na atividade fagocítica e na ativação do surto respiratório entre pacientes e controles saudáveis. Foram avaliadas 43 amostras de pacientes, diagnosticados com Fibrose Cística (FC), atendidos no Instituto Fernandes Figueira, instituição pública de referência do Estado do Rio de Janeiro, e 89 amostras de controles saudáveis. Os experimentos foram realizados, utilizando amostras de sangue periférico, coletadas com anticoagulante. A avaliação do surto respiratório foi realizada a partir da oxidação de dihidrorodamina em rodamina, utilizando forbol-12-miristrato-13-acetato como ativador celular. Para avaliação da fagocitose, foram utilizadas bactérias geneticamente modificadas, que superexpressam a proteína fluorescente verde. No estudo, a mutação no gene CFTR mais comum é a ΔF508, presente tanto em homozigose (12%) como em associação com outras mutações de CFTR (58%). Nos fibrocísticos, tanto o surto respiratório como a atividade fagocítica parecem estar afetados, e há uma tendência ao decréscimo de resposta com o aumento da idade em ambos os parâmetros. Porém, observa-se diferença da atividade oxidativa entre os pacientes, relacionadas à idade e ao sexo. Esses resultados reforçam a idéia de que os neutrófilos desses pacientes têm a capacidade funcional diminuída com o avanço da idade, mesmo quando não foram colhidos de sítios inflamados. Estas observações sugerem que um defeito adquirido na imunidade inata, expresso na população neutrofílica, se desenvolve após vários anos de doença nos pacientes sem necessidade de exposição do neutrófilo a um microambiente inflamado