Pequenos retratos de gestos: histórias sobre mulheres e livros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Goulart, Clarice de Mattos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24838
Resumo: Buscando criar pequenos retratos de gestos e movimentos em curso no cenário literário brasileiro atual, esta tese tem como personagens fundamentais as leitoras. No percurso que lhe deu origem, o encontro com as propostas de clubes de leitura voltados a livros escritos por mulheres possibilitou a compreensão de suas participantes como atuantes em redes de intervenção, e, logo, como agentes que indicariam os caminhos da investigação. Assim, a partir do interesse em observar práticas e experiências de leitura, a pesquisa se desdobrou e abriu espaço para narrar histórias, tanto sobre produção e circulação de livros, quanto sobre conversas e afinidades geradas no contato com textos. A tese se desloca, então, do diálogo com mediadoras de clubes de leitura para as suas escolhas de leitura, das quais destaco os livros Amora, de Natália Borges Polesso (2015), e Um Exu em Nova York, de Cidinha da Silva (2018). Nessa espiral que compreende os vínculos entre práticas e imaginários, os capítulos que tratam desses livros consideram, também, o modo como suas narrativas apresentam estudantes em suas relações afetivas com o texto, assim como protagonistas escritoras que estabelecem negociações e alianças para tentar resolver impasses que encontram na realização de seu trabalho. No caso de Cidinha da Silva, o debate se estende a suas práticas como editora independente. Inter-relacionando, nesse contexto, a atuação das editoras que não contam com grandes estruturas de investimento e caminhos pelos quais as configurações no campo podem se transformar, a tese aponta, então, para uma ecologia de trocas – enquanto forma de abordar essas redes de proposições de ações responsáveis sobre panoramas dados. Inspirada em Donna Haraway, quando diz “isso é o que chamo cultivar responsibilidade; é também conhecimento e atuação coletivos, uma ecologia de práticas” (2016), proponho uma aproximação ao conceito de ecologias de práticas para contemplar modos coletivos e parciais de lidar com problemas atuais. Entre essas práticas, destaco a possibilidade de leitoras oferecerem respostas a partir de seu envolvimento com processos de recomendação de leitura e, assim, movimentarem políticas editoriais. Sem deixar de lado as epistemologias feministas que lançam olhares sobre saberes situados, provisórios, precários, e sobre a narrativa como uma forma de conhecimento, a tese também se constrói em um sentido autorreferencial, pensando seus contextos de produção e seus atravessamentos para indagar qual o lugar dessa ordem de investigação em tempos de crise.