Avaliação dos indicadores de metabolismo, metilação do DNA e polimorfismos funcionais de MTHFR (rs1801133, C677T; rs1801131, A1298C) em gliomas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Faria, Giselle Marianne
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
DNA
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10630
Resumo: Introdução: Gliomas constituem o tumor cerebral primário de origem neuroepitelial mais comum, agressivo e fatal em adultos, e caracterizado por padrão anabólico acelerado, altamente proliferativo e infiltrativo. O tratamento com quimioterapia citotóxica e altas doses de radiação ionizante induzem efeitos secundários de instabilidade genômica, mutações somáticas, e alterações epigenéticas relacionadas à metilação do DNA. Objetivo: Analisar a presença de marcadores moleculares relacionados ao metabolismo de ácidos nucleicos e polimorfismos funcionais em enzima da via metabólica do folato, considerados críticos nos processos de síntese e metilação do DNA. Material e Métodos: A coorte incluiu 154 pacientes com glioma maligno recidivo em estágio terminal. Os pacientes foram agrupados conforme a classificação histológica (GBM = 104; AA = 36) e localização da lesão tumoral (lobar: n=105; profunda: n=47). DNA genômico (gDNA) foi extraído de células sanguíneas periféricas e analisado quanto ao percentual de metilação global (n=118), presença de polimorfismos (snps, n = 96) no gene MTHFR (C677T, rs1801133 e A1298C, rs1801131), e genotipagem pareada (n=11) em amostras do gDNA e DNA tumoral. Amostras de soro foram utilizadas para dosagem de ácido úrico (n=82) e homocisteína (n=72). Análise estatística incluiu testes não paramétricos, análises de correlação de Spearman (bivariável e ponto bisserial), teste do Chi-quadrado e análise de loglinear utilizando programa SPSS 20.0, com um intervalo de confiança de 95% (p<0,05). Resultados e Discussão: 48,8% dos pacientes apresentaram aumento (p<0,001) nos níveis de ácido úrico. Todos os pacientes apresentaram homocisteína elevada (8 vezes; > 100μM) e 75% (p<0,001) apresentaram hipometilação global do gDNA. Foi encontrada uma correlação significativa, negativa e moderada entre os níveis de homocisteína e hipometilação global (p=0,041; rho= - 0,369; n=31). 59,4% dos pacientes apresentaram pelo menos um alelo mutado para rs1801133 (C677T; 45,83% = CT e 13,54% = TT) e 47% apresentaram pelo menos um alelo mutado para rs1801131 (A1298C; AC = 40,62% e CC = 6,26%). Pacientes com genótipo TT para rs1801133 (C677T) apresentaram redução significativa (p=0,043) na hipometilação de gDNA, e correlação significativa, negativa e moderada (p=0,005; rho= - 0,517; n=28) entre essas duas variáveis. A combinação de genótipos CT_AA indicou uma contribuição individual forte e significativa (p=0,045, escore Z=2,004) para a metilação do gDNA. Pacientes com percentual de metilação até 50% apresentaram diferença entre os diplotipos CC_AC e CT_AA (p<0,1) e tendência a menor hipometilação também para o diplotipo TT_AA. Foi observada diferença significativa entre localização profunda e lobar (p=0,044) e correlação significativa, negativa e fraca (p=0,043; rho= - 0,271; n=56) entre a localização profunda e hipometilação global do gDNA com decréscimo 1,6 vezes no percentual de hipometilação. Estudos de associação genética evidenciaram contribuições individuais fortes e significativas para modelo de hereditariedade aditivo (rs1801133, C677T: p<0,001; escore Z = 4,306 / rs1801131, A1298C: p= 0,005; escore Z= 2,799) e dominante (rs1801133, C677T: p=0,011; escore Z = 2,557 / rs1801131, A1298C: p=0,065; escore Z=1,848) para ambos os snps, para os homozigotos mutados (rs1801133, C677T: p<0,001; escore Z = - 4,207 / rs1801131, A1298C: p<0,001; escore Z= - 4,437) e para a histologia (rs1801133, C677T: p<0,001; escore Z = - 5,765 / rs1801131, A1298C: p<0,001; escore Z = 4,983). Também foi possível evidenciar contribuições individuais fortes e significativas para modelo de hereditariedade aditivo (rs1801133, C677T: p<0,001; escore Z = 4,699 / rs1801131, A1298C: p= 0,005; escore Z= 2,806) e dominante (rs1801133, C677T: p=0,005; escore Z = 2,779), para homozigotos mutados (rs1801133, C677T: p<0,001; escore Z = - 4,019 / rs1801131, A1298C: p<0,001; escore Z= - 4,279) e para localização tumoral (rs1801133, C677T: p=0,001; escore Z = 3,315 / rs1801131, A1298C: p=0,010; escore Z= 2,593). Foram encontradas contribuições individuais fortes e significativas para as combinações de genótipo homozigoto duplo mutado para ambos snps (p<0,001; escore Z = - 4,701), para os modelos aditivos combinados de ambos os snps (p=0,035, escore Z=2,100); para a combinação do genótipo duplo mutado do rs 1801131 (A1298C) tanto com o modelo aditivo (p=0,025, escore Z=-2,248) como com o modelo dominante do rs1801133 (C677T, p=0,006, escore Z=-2,760) e para a histologia (p<0,001, escore Z=9,019).Os estudos de associação genética identificaram contribuições individuais fortes e significativas para combinação de genótipo homozigoto duplo mutado para ambos snps (p<0,001; escore Z = - 5,594), para os modelos aditivos combinados de ambos os snps (p<0,001, escore Z=5,425) e para a combinação do modelo dominante do rs1801133 (C677T) com o modelo aditivo do rs1801131 (A1298C, p<0,001, Z=3,925) e para a localização tumoral (p<0,001, escore Z=4,724). A análise pareada entre o gDNA dos pacientes e o DNA tumoral evidenciou alterações genéticas no gene MTHFR (63,3%) dos pacientes. Conclusão: Mesmo após a recidiva tumoral, foi possível identificar diferenças significativas no percentual de hipometilação do gDNA de pacientes com glioma recidivo, sendo o genótipo TT do rs 1801133 (C677T) e a localização profunda variáveis contribuindo significativamente para redução proeminente no padrão de hipometilação. Considerando-se a correlação negativa entre metilação global do DNA e os níveis de homocisteína, o acompanhamento periódico e análise em conjunto dos snps da via do folato devem ser considerados parâmetros indicadores sugestivos de progressão / recorrência. A bagagem genética individual em modelos de contraste específicos, isolados ou combinados pode fornecer ferramentas para acompanhamento dos pacientes com glioma maligno minimizando influências epigenéticas