Distribuição de elementos maiores e traços em sedimentos marinhos da plataforma continental e talude na zona de descarga do Rio Doce após o rompimento da barragem de Mariana - MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santarém, Natan Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10397
Resumo: A bacia do Rio Doce hospeda grandes complexos minerários, além de ser amplamente explorada para atividades agropecuárias, abastecimento populacional e industrial. O Rio Doce é um dos principais corpos hídricos na região sudeste, com carga sedimentar estimada em 11,22 x 106 tons/ano. A sua capacidade de mobilização sedimentar associada às atividades ao longo de sua bacia hidrográfica já justificariam um estudo profundo na interface continente-oceano. Somado a isto, em novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, descrito como o maior desastre ambiental na história do Brasil, mobilizou cerca de 55 milhões de m³ de rejeitos de minério para a bacia hidrográfica do Rio Doce, sendo o principal corpo hídrico afetado. A lama de rejeitos, de cor avermelhada e granulometria fina, composta de sílica, hematita, magnetita, óxi-hidróxidos de manganês e componentes orgânicos percorreu mais de 600 km, sendo levada até o oceano. Este estudo avaliou a distribuição dos elementos maiores e traços e seus possíveis impactos em sedimentos marinhos localizados na zona de descarga do Rio Doce, tanto na área de plataforma como talude após a chegada da pluma de rejeitos de minério utilizando-se a técnica de abertura total de amostras e determinação das concentrações por ICP-OES. Observou-se que o testemunho M125-39-2, mais perto da zona de descarga do Rio Doce é o que apresenta o melhor registro do evento de Mariana. Sugere-se dois possíveis eventos de contaminação distintos neste testemunho, associado à entrada primária da pluma de rejeitos e a posterior remobilização dos rejeitos de minérios em condições de maior pluviosidade, onde reconheceu-se aumento nas concentrações de Fe, Al, Si, Ti, As, Pb entre outros elementos. Os dados isotópicos, quando interpolados entre si e aos valores de COT e NT demonstram dois grupos distintos, um com mistura de fontes de matéria orgânica (base do testemunho M125-39-2) e outro com uma assinatura isotópica marinha (topo do testemunho M125-39-2 e demais testemunhos localizados na plataforma e talude). A diferença do sinal isotópico pode ser explicada pela fertilização oceânica principalmente pela entrada de Fe. De forma adicional, os dados granulométricos e as razões elementares, quando interpretadas de forma conjunta, demonstraram que a influência da descarga do Rio Doce é predominante no testemunho M125- 39-2, comprovando que há um aumento abrupto do aporte terrígeno de forma localizada, concomitante aos dois eventos identificados nas leituras dos elementos químicos estudados. Infere-se se um terceiro evento no centímetro mais superficial do testemunho M125-50-2, onde é possível observar aumento nas concentrações de Fe, Al, Si, K e Ti e nos elementos traços. Observou-se que a proximidade da área fonte somado ao regime de correntes e ventos na região foram os fatores que exerceram maior controle na concentração dos elementos provenientes da lama de minério em determinados testemunhos. Constatou-se que a matéria orgânica e a granulometria apesar de apresentarem papel secundário neste estudo, foram possíveis fatores que contribuíram para a maior adsorção de metais provenientes da pluma de minérios.