Tudo isto é pop: portugalidades musicais contemporâneas entre a 'tradição' e a 'modernidade'

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Monteiro, Tiago José Lemos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/13175
Resumo: Esta tese tem por objetivo geral efetuar uma análise do panorama pop português contemporâneo a partir das articulações entre formas tradicionais e quadros de modernidade na conformação de múltiplas portugalidades musicais em tempos de globalização, mediante uma investigação multiperspectivística das matrizes culturais e identitárias que atravessam a produção musical lusa do último decênio. Um primeiro objetivo específico é o de cartografar quais mapas de significância estão norteando o universo pop/rock luso contemporâneo, levando-se em consideração o caráter recente de determinados processos vivenciados pela sociedade portuguesa, como a entrada na União Europeia, a adoção do euro, a intensificação dos fluxos migratórios (muitos deles, decorrentes da dissolução do aparato colonial) e o reordenamento das relações e trocas simbólicas que Portugal mantém com diversos contextos nacionais. Um segundo objetivo específico consiste em verificar em que medida tais processos afetam os modos pelos quais a própria idéia de música portuguesa, aqui percebida como uma narrativa instável e em constante reescritura, passa a incorporar um sentido de portugalidade múltiplo, que passa, por um lado, pela apropriação de matrizes a priori externas àquele contexto, e por outro pelo reprocessamento de formatos constituintes daquilo que nomeio como patrimônio midiático luso, relação esta que o distanciamento em relação a circunstâncias históricas como as quase cinco décadas de salazarismo e os anos posteriores à Revolução em alguma medida vêm tensionando. Por último, interessa-me explorar o lugar que as relações simbólicas e as trocas culturais entre Portugal e Brasil ocupam nesta nova dinâmica, a partir de uma perspectiva que questiona o discurso senso comum da inversão dos fluxos ou da substituição de hegemonias. Proponho, como hipótese de pesquisa, que certas características do momento contemporâneo (como, por exemplo, a intensa circulação tanto de pessoas, na condição de migrantes ou turistas, quanto de informações pelas redes digitais) favorecem a adoção, pelo universo musical massivo e midiático luso, de uma postura reflexiva em relação à sua própria genealogia e aos principais nomes, gêneros, formatos e discursos que o constituíram ao longo dos últimos cinqüenta anos. Questiono, ainda, se a própria concepção de música portuguesa que fundamenta esta tese não seria, por si só, bastante problemática, a partir do momento em que se intensificam as articulações entre matrizes “nacionais” e outras matrizes da ordem do pop global.