Mudanças e variabilidades climáticas nos últimos dois mil anos no nordeste brasileiro: Lagoa do Boqueirão - RN

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Viana, João Cláudio Cerqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7506
Resumo: O presente estudo teve como objetivo evidenciar as mudanças e a variabilidade climática nos últimos 2000 anos no Nordeste Brasileiro a partir de registros sedimentares lacustres, principalmente através de diatomáceas, da lagoa do Boqueirão – RN (5°14'42.51"S e 35°32'40.80"W). A cronologia do testemunho Boqc0901 foi baseada em 15 datações 14C sobre a matéria orgânica total do sedimento registrando ca. 2400 anos. Os parâmetros sedimentológicos e geoquímicos permitiram identificar 5 unidades principais. Entre 418 BC e 388 AD (Subunidade V.c), um ambiente mais erosivo, com características de águas mais rasas indicadas também pelas baixas abundâncias relativas de Mastogloia smithii var. lacustris e presença elevadas de Brachysira brebissonii, Navicula cryptotenella, Nitzschia amphibia. O início da Sub-unidade V.b (entre 388 AD e 1113 AD) apresentou-se como um marco de mudanças limnológicas da lagoa do Boqueirão, onde a elevação das abundâncias e o domínio da M. smithii var. lacustris levam à interpretação de águas de ambientes alcalinos e com menores teores de nutrientes (principalmente o fósforo) sugerindo resposta à elevação do nível d’água. Entre 1113 AD e 1444 AD (Sub-Unidade V.a and Unidade IV) houve a manutenção de nível d`água elevado, indicado também por reduzidos valores de C/N, bem como picos de M. smithii var. lacustris e Cyclotella meneghiniana. Entre 1444 AD e 1795 AD (Unidade III) foi indicada uma redução da coluna d’água, principalmente pela tendência de redução das abundâncias de M. smithii var. lacustris, volta de registros de espécies acidófilas e/ou eutróficas e valores mais elevados de C/N. Contudo, registros de Aulacoseira ambigua var. ambigua e Discostella cf. stelligera neste período ainda sugerem coluna d`água elevada. Entre 1795 AD e 2009 AD (Unidade II e I) houve a manutenção de águas elevadas indicada principalmente pelos valores reduzidos de C/N. A reconstrução do nível d`água (m) da lagoa do Boqueirão através de função de transferência (Média Ponderada), com dados transformados apresentou-se como um modelo plausível (r2=0,59 e rboot=0,53), onde foram observados padrões distintos. Estes padrões corroboram as interpretações anteriores, onde se pode destacar os intervalos entre 418 BC e 370 AD, no qual a profundidade oscilou entre 3,62m±1,73 e 4,59m±1,70 e entre 370 AD e 2009 AD onde ocorreram profundidades superiores à 5m. Assim, intervalos entre 713 AD e 1052 AD obtiveram mín: 7,07m±1,75 e máx: 7,65±1,76; No intervalo de 1052 AD (7,24±1,72) à 1250 AD (7,23m±1,73) ocorreu um declínio da coluna d’água principalmente entre 1195 AD e 1215 AD (6,17m±1,69 a 6,31m±1,70); A partir de 1215 AD, principalmente entre 1329 AD (7,24m±1,74) à 1834 AD (5,53m±1,67) flutuações da paleoprofundidade apresentaram tendência à redução de coluna d’água. Nos últimos 100 anos, a coluna d’água apresentou picos como de 7,22m±1,68 em 1974 AD, já em 2009 AD: 6,55±1,73. Os resultados apresentados permitiram sugerir condições de variabilidade climáticas distintas ao longo dos dois últimos milênios: durante a Anomalia Climática Medieval (∼900 a 1100 AD) e Pequena Idade do Gelo (∼1400 a 1820 AD). As condições úmidas durante a MCA foram atribuídas às características semelhantes à La Niña no oceano Pacífico devido à intensificação da Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC) gerada pela prolongada fase positiva da NAO, apesar das indicações de posição mais ao norte da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). O padrão de esfriamento do Hemisfério Norte durante a LIA e o enfraquecimento da AMOC podem ter influência sobre o deslocamento da ZCIT mais ao sul de sua climatologia, gerando mais chuvas no Nordeste brasileiro, entretanto, Monção de Verão Sulamericana mais forte pode ter levado condições mais secas à região Nordeste do Brasil durante a LIA