Biomonitoramento e ecotoxicologia de metais pesados através de moluscos bivalves em ecossistemas estuarinos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mello, Thaise Machado Senez
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24768
Resumo: As concentrações de metais para as diferentes espécies da biota e para o homem podem tornar-se altamente tóxicas com os processos de bioacumulação e biomagnificação. O biomonitoramento é utilizado para avaliação da qualidade ambiental, através do uso de organismos vivos. Diversas espécies de bivalves são utilizadas em programas de biomonitoramento, sendo que no Brasil, ostras do gênero Crassostrea e mexilhões como Perna perna e Mytilus edulis são empregados com maior frequência. Bivalves são organismos filtradores e possuem a capacidade de acumular em seus tecidos substâncias e microrganismos presentes na água. Desta forma, foi biomonitorada a poluição de metais pesados dentro do estuário do Potengi (costa nordeste do Brasil) através do tecido mole de Crassostrea rhizophorae. Os metais Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn apresentaram concentrações distintas entre o sítio posicionado na entrada do estuário e o sítio localizado 5km a montante da foz. Também, os resultados foram indicativos de impacto ambiental negativo de origem antropogênica (capítulo 1). A partir destes resultados, ostras nativas foram transplantadas entre os dois sítios para a observação temporal da concentração destes metais nestes bivalves. Na entrada do estuário as condições físico químicas e hidrodinâmica exerceram maior influência na distribuição dos metais e índice de condição das ostras. Mais a montante, próximo do terminal portuário, o percentual de finos, a chuva, o esgoto (pH e salinidade) e a matéria orgânica, foram determinantes na bioconcentração de metais. Os resultados do estudo temporal mostraram a eficácia do biomonitor na determinação da origem da fonte poluidora e na influência sazonal sobre a biocinética destes metais (capítulo 2). Paralelamente ao estudo do Potengi, foi implementado um experimento com metodologia similar. Os bivalves foram transplantados de uma região oceânica, Arraial do Cabo (AC/RJ) para um ambiente estuarino comprometido por altas concentrações de metais pesados, a Baia de Guanabara (BG/RJ). Foi integrado a este biomonitoramento, um estudo das razões isotópicas (13C e 15N). Os resultados demonstraram que ambos os sítios possuíam concentrações altas para determinados metais (i.e., Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn) porém, não foi encontrada correlação substancial entre metais e a assinatura isotópica dos bivalves. Por outro lado, a razão e fracionamento isotópico nas ostras, elucidou aspectos importantes para o biomonitoramento. A fonte predominante de carbono na alimentação dos bivalves de AC teve origem na matéria orgânica presente no sedimento do local, possivelmente como um efeito bottom up de reciclagem da MOP por bactérias após o período de alta produtividade da zona eufótica (ressurgência). Na BG os resultados foram distintos, onde os valores encontrados foram mais compatíveis com MO continental e processos de tratamentos de efluentes de esgoto (capítulo 3). A influência dos fatores ambientais teve relevância sobre a bioacumulação dos metais em bivalves em todos os experimentos acima descritos. Dentre eles, destaca-se o pH, pois interfere diretamente na biodisponibilização dos metais para o ecossistema. Assim, foi proposto um modelo didático de atividade prática para a compreensão da dinâmica do sistema carbonato através da introdução de CO2 em amostras de água marinha, suscitando também a reflexão sobre a capacidade de suporte deste compartimento diante do aumento das emissões atmosféricas de CO2. A alta complexidade dos processos ambientais em suas interfaces ecológicas, econômicas e sociais tornam ainda mais urgente o desafio de considerar o papel das múltiplas áreas de conhecimento nas práticas de ensino sobre mudanças globais (capítulo 4).