Efeitos do consumo de suco de uva, vinho tinto e resveratrol isolado sobre o fígado de ratos alimentados com dieta hiperlipídica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bedê, Teresa Palmisciano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/27296
http://dx.doi.org/10.22409/PPG-CAPS.2020.d.11153444712
Resumo: Introdução: A busca da população por melhor qualidade de vida incentiva a realização de estudos acerca de alimentos com propriedades funcionais e de prevenção de doenças. Destacam-se o suco de uva tinto integral (SUTI) e o vinho tinto (VT) que, ricos em polifenóis, vem demonstrando potente ação antioxidante e anti-inflamatória. Objetivo: Avaliar os efeitos do consumo de SUTI, de VT e de solução de resveratrol (SR) sobre o fígado de ratos alimentados com dieta hiperlipídica (DHL). Materiais e Métodos: Foi realizado ensaio biológico com 50 animais (Rattus Novergicus Wistar Albino), fêmeas adultas, divididas em 5 grupos: controle (GC): ração caseína + água; hiperlipídico (GH)- DHL + água; vinho tinto (GV)- DHL + 10mL/dia de VT; suco de uva (GS)- DHL + 15mL/dia de SUTI e, resveratrol (GR)- DHL + 15mL/dia de SR. As bebidas ofertadas foram caracterizadas com relação ao teor de polifenóis totais, trans-resveratrol, antocianinas e atividade antioxidante. Durante 60 dias, ração e água foram ofertados em livre demanda e o peso corporal (PC), o consumo alimentar foram verificados e registrados. Ao final do estudo, os animais foram sacrificados, amostras de sangue foram coletadas para análises bioquímicas de perfil lipídico, marcadores de função hepática, inflamação e atividade antioxidante. Tecidos, hepático e adiposo abdominal, foram retirados e pesados. O fígado foi submetido a avaliações histológicas, de ciclo e viabilidade celulares e de apoptose. Para comparação das médias entre grupos foi utilizado Anova one-way e Tukey como pós-teste, considerando um nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: O SUTI foi a bebida com menor (p 0,0432) concentração de polifenóis totais e trans-resveratrol (p 0,0002), mas com teor de antocianinas semelhante ao VT. No entanto, SUTI e VT mostraram atividade antioxidante maior (p 0,0034) do que a SR, apesar da SR conter mais polifenóis totais e uma concentração de trans-resveratrol semelhante ao VT. Os diferentes tratamentos dietéticos não influenciaram no consumo de ração, água ou energia. Entretanto, os animais que consumiram DHL (GH, GS, GV e GR) apresentaram maior (p 0,0420) PC e maior (p 0,0374) deposição de tecido adiposo abdominal, sendo este processo minimizado pelo consumo de SUTI (GS) e VT (GV). O índice hepatossomático foi semelhante entre os grupos, assim como os níveis séricos de HDL e os marcadores de função hepática - AST e ALT. Entretanto, valores mais altos (p 0,0275) de TGL foram encontrados no GC, e o consumo de SUTI reduziu (p 0,0461) os níveis séricos de CT nos animais, além de minimizar (p 0,0321) o efeito da DHL na inflamação, promovendo níveis de IL-6 semelhantes ao GC. A atividade antioxidante foi semelhante entre os grupos quando avaliada pelos métodos DPPH, ORAC e/ou pela concentração de SOD. Apesar da DHL ter promovido estresse oxidativo, aumentando (p 0,0021) os níveis séricos de GSH-Px nos animais, o VT aumentou (p 0,0200) a atividade de CAT. Apesar disso, o SUTI minimizou tais efeitos oxidativos, gerando menor nível de GSH-Px dentre os grupos que consumiram DHL. O GC mostrou histologia hepática típica, enquanto o GH e GV apresentaram esteatose e inflamação portal em todos os animais. A DHL induziu inflamação de tríades portais (p 0,0003), marcada por infiltrado leucocitário (p 0,0001), comparada à controle (GC). Por outro lado, o fígado dos animais do GS e do GR permaneceu sem alterações significativas, sugerindo que o tecido foi protegido pelas bebidas devido a um menor número de animais com esteatose e inflamação portal. No GH, a DHL parece ter alterado o ciclo celular hepático, levando ao menor número (p 0,0068) de células viáveis e a maior taxa (p 0,0489) de células apoptóticas, além de aumento (p 0,0056) no número de células na fase G2/M. O consumo da DHL associada ao consumo de VT (GV) foi ainda mais agressor ao fígado, apresentando redução (p 0,0248) no número de células na fase G0/G1, menor taxa de células viáveis e maior (p 0,0369) número de células não-apoptóticas. O resveratrol isolado (SR) parece ter sido citotóxico quando observamos aumento (p 0,0237) de células impróprias para replicação (SubG1) e menor número de células G0/G1 e G2/M no GR. Por outro lado, o SUTI parece ter capacidade de reverter os efeitos da DHL nos hepatócitos, promovendo nos animais perfil de ciclo celular e viabilidade de células semelhantes ao GC. Conclusões: O consumo de SUTI parece ter sido capaz de minimizar os efeitos deletérios da DHL sobre o tecido hepático. Mesmo diante da menor quantidade de polifenóis encontrada, o SUTI parece ter um efeito protetor no fígado dos animais contra alterações oxidativas, inflamatórias, histológicas e celulares induzidas pela DHL. Isso provavelmente ocorreu por conta dos efeitos sinérgicos protetores associados aos dos compostos presentes na matriz da bebida. Enquanto isso, o VT mostrou ser um possível agente agressor ao tecido hepático, induzindo morte celular e estresse oxidativo, provavelmente devido ao seu teor alcoólico que promove oxidação dos tecidos. Já a SR, que oferecia o composto isolado e concentrado, apesar de produzir efeitos histológicos protetores, afetou a capacidade antioxidante e a homeostase celular dos hepatócitos dos animais, apontando citotoxicidade.