Investigação fitoquímica e biológica das plantas angolanas crotalaria ononoides benth e xerophyta stenophylla baker

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Dionísio Joaquim da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34676
Resumo: Em Angola, a esquistossomose consiste em uma das principais doenças endêmicas, tendo em vista a sua abrangência, ocupando, cerca de 72,2% do território. Está presente em 13 das 18 províncias do país. Importa destacar que das 13 províncias com esta patologia, 7 estão localizadas ao Sul, 4 ao Norte e 2 no Leste do país. Desse modo, por se tratar de uma doença com certo grau de letalidade, trata-se de um grave problema de saúde pública. Objetivando contribuir com a solução para este problema, foi realizada a avaliação química e biológica de duas espécies de plantas angolanas, Xerophyta stenophylla Baker (Iona) e Crotalaria Ononoides Benth (Tchambanda), popularmente utilizadas para o combate da esquistossomose. Essas espécies são muito utilizadas pelas comunidades para o combate desta doença, sobretudo as da comunidade da Muxima, localizada no município da Quissama (Luanda-Angola). Nesse contexto, para o estudo em questão, coletou-se as plantas (folhas e caules), que foram pulverizadas e maceradas a frio, com o objetivo de comprovar ou não as atividades descritas pela população. Na presente pesquisa estudamos os metabólitos presentes nos extratos dessas espécies, de forma a conhecer a sua atividade frente a Biomphalaria glabrata Say, 1918, vetor intermediário da esquistossomose. Adicionalmente, avaliamos a atividade biológica dos extratos (etanólicos, aquoso frente às cercarias, causadoras da doença, e sobre a ovopositura do B. glabrata. Além disto, os extratos brutos foram avaliados na resposta inflamatória in vitro e in vivo, em ensaios de hemocompatibilidade in vitro, toxicidade em camundongos, e ensaios de toxicidade ambiental in sílico. Os resultados de identificação química dos metabólitos secundários presentes nos extratos das plantas foram realizados a partir de análise por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas (CLAE-EM). Além disto, foi realizada a extração do óleo essencial através do método de hidrodestilação. Os óleos essenciais apresentaram rendimentos de 0,26% e 0,041% para as espécies X. stenophylla e C. ononoides, respectivamente, de modo que os constituintes principais do óleo essenciais de X. stenophylla foram o 1,8-cineol (19,31%) e ß – Cariofileno (20,59%). Os principais metabólitos encontrados nas espécies de X. stenophylla e C. ononoides foram flavonoides, cumarinas, taninos, antraquinonas, saponinas e, alcaloides. Todos os extratos exibiram ação cercaricida e reduziram a celularidade dos hemócitos do B. glabrata adulto tratados por 48 horas, embora não tenham levado estes moluscos à letalidade. Os extratos brutos em estudo não apresentaram toxicidade para as células de indivíduos humanos adultos e em camundongos após tratamento agudo por 24 horas. Ensaios em moluscos de outras espécies, terrestres e aquáticos indicam que os extratos e seus componentes majoritários não causam toxicidade ambiental, quando comparado a niclosamida®. Os extratos exibiram atividade anti-inflamatória in vitro, inibindo a função do receptor pró-inflamatório, P2X7R, e a liberação da citocina IL-1β. Adicionalmente, os extratos inibiram a peritonite induzida pela carragenina em camundongos. Portanto, os extratos são promissores para serem usados no combate da transmissão da esquistossomose como um agente cercaricida, sem causar impacto negativo no ambiente. Adicionalmente, estes extratos não exibiram toxicidade para mamíferos e atuaram como antiinflamatórios, justificando o seu uso oral na população angolana para tratar os efeitos causados pela esquistossomose.