Inovações metodológicas para o estudo de parasitos em amostras da megafauna e de outros animais encontrados em sítios arqueológicos e paleontológicos do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cascardo, Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Fluminense
Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/6152
Resumo: O Brasil possui grande potencial para pesquisa paleoparasitológica com amostras antigas de animais incluindo os extintos, sendo a América do Sul o continente que mais perdeu espécies com a última grande extinção, da megafauna, que ocorreu no quaternário. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão sobre parasitos encontrados em animais extintos e, pesquisá-los nas amostras antigas de animais provenientes de sítios arqueológicos e paleontológicos do Brasil por diferentes métodos diagnósticos. Por imunocromatografia e/ou detecção molecular pela PCR (Polymerase Chain Reaction) e sequenciamento nucleotídico foram estudados coprólitos de felinos (n=11), roedores (n=7), canídeo (n=1), preguiça terrícola (n=1), palaeolama (n=2) e amostras ósseas de uma mesma preguiça terrícola (n=5), as amostras tem origem nos estados da Bahia, Piauí e Pernambuco, com datações que vão do Pleistoceno superior até 400±50 antes do presente. Além da pesquisa para alvos moleculares do hospedeiro pesquisou-se também, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi, Giardia duodenalis e triatomíneos. Nem todos os alvos ou agentes etiológicos foram pesquisados em todas as amostras. Alguns alvos tanto para hospedeiro quanto parasitos foram previamente testados em modelos experimentais, os quais também envolveram a pesquisa de outros organimos como Eimeria sp. e Pentatrichomonas sp. Foram realizados modelos experimentais para padronização dos ensaios imunocromatográficos para pesquisa de T. gondii e G. duodenalis que posteriormente foram testados em algumas amostras antigas. Adicionalmente buscou-se alternativas para o reaproveitamento de amostras verificando a viabilidade do uso de uma mesma alíquota de amostra nas duas técnicas abordadas: imunocromatografia e PCR. A revisão de literatura mostrou que o estudo de parasitos com animais extintos ainda está aquém daqueles realizados com amostras humanas, e essa diferença é ainda maior quando considerado o diagnóstico imunológico e molecular, prevalecendo os estudos por microscopia. Não foi obtido nenhum resultado positivo para os agentes etiológicos pesquisados nas amostras antigas pelo diagnóstico molecular. Porém um dos primers utilizados para T. cruzi em amostras de osso de preguiça terrícola geraram sequências compatíveis com bactérias (Pseudomonas putida, Bradyrhizobium diazoefficiens e Nitrobacter hamburguensis) que podem ser autóctones ou contaminação desde a retirada da amostra do sítio e chegada ao laboratório para análises. Para oalvo triatomíneo com um coprólito de felino conseguiu-se uma sequência de alta qualidadeque não teve similaridade com nenhum organismo com sequência disponibilizada peloGenbank, mostrando a importância do depósito de sequências ainda desconhecidas. O testeimunocromatográfico para T. gondii não se mostrou positivo para amostras antigas, porémmostrou-se promissor com o modelo experimental. Quanto ao teste imuncromotográfico paraG.duodenalis ele foi sensível a diferentes genótipos, humanos, animais ou zoonóticos, tendosido eficiente em todos os modelos experimentais e positivo em duas amostras antigas:coprólitos de preguiça terrícola e palaeolama do mesmo sítio, mostrando a presença desseprotozoário desde o pleistoceno superior no nordeste brasileiro. Com este estudo obteve-se umaimportante inovação metodológica ao mostrar que é possível reaproveitar o resíduo da amostraque passou pelo processo de extração do DNA no teste imunocromatográfico e vice-versa, degrande valor para análise de espécimes raros, como é o caso dos paleoparasitológicos.