Hoje tem comida para todos: história e memória do Restaurante Central/Calabouço dos estudantes (1951-1969)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Guedes, Gleice Lopes Abboud
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15670
Resumo: O Restaurante Central dos Estudantes/Calabouço foi criado a partir da demanda do movimento estudantil por assistência alimentar à classe, no Estado da Guanabara/ Rio de Janeiro. A reconstrução histórica desse espaço de memória, se deu através de um paralelo das políticas públicas de assistência alimentar, no Brasil, a partir da década de 1940, e suas relações com a política externa no período da Segunda Guerra Mundial na criação do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS).No contexto de Guerra fria houve uma polarização em âmbito nacional entre os nacionalistas que os defendiam o desenvolvimento do país interdependente, sobretudos, dos Estados Unidos, que norteou os debates em torno das políticas públicas destinadas à classe trabalhadora e estudantil. Por meio de uma revisão bibliográfica e uma análise documental em periódicos, foi possível comprovar a atuação dos estudantes ao direito a uma alimentação digna. Este trabalho demonstra que o Restaurante Central dos Estudantes/Calabouço, construído em 1951 no segundo Governo Vargas, foi palco de articulação das reivindicações do Movimento Estudantil. O Restaurante Calabouço, cuja alimentação era fornecida pelo SAPS, ofertava outros serviços, de baixo custo, aos comensais, como assistência médica, livraria, barbearia, Curso de Madureza pelo Instituto Cooperativa de Ensino ICE, que funcionava nas dependências do restaurante. A pesquisa ainda revela que o Regime Militar-Empresarial perseguiu os estudantes, frequentadores do Restaurante Calabouço. Após o incêndio a sede da União Nacional dos Estudantes aquele espaço virou uma espécie de sede do movimento estudantil. Havia uma participação ativa naquele espaço, administrada pela União Metropolitana dos Estudantes, desde sua criação até promulgação da Lei n. 4 464 conhecida como Lei Suplicy em 1964. Várias verbas e reformas de manutenção e melhoria dos serviços do Restaurante Central dos Estudantes/Calabouço foram feitas durante toda sua existência. A pesquisa realizada resgatou, memórias sobre a repressão e a violência, aos comensais do Restaurante Central dos Estudantes /Calabouço, a partir das obras do Trevo Rodoviário que dá acesso ao Aterro do Flamengo e na resistência dos estudantes contra a demolição do galpão que abrigava o Calabouço, a demolição às obras para a construção de um novo restaurante foi marcada por protesto como a Operação Pendura que causou grande mal-estar na sociedade fluminense. Após a entrega do Novo Calabouço em 1967, as manifestações continuaram, pois, o Governador Negrão de Lima entregou o prédio inacabado, a Operação Pedágio foi uma tentativa dos estudantes de terminarem as obras que culminou no assassinato do estudante Edson Luís pela PM da Guanabara, em 1968, fato que originou uma série de manifestações contra o Regime, resultando na ‘Passeata dos 100 mil’. O calabouço é extinto em 1969