Plantas de uso medicinal e ritualístico comercializadas em mercados e feiras no Norte do Espírito Santo, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira, Juliana Miranda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Espírito Santo
BR
Mestrado em Biodiversidade Tropical
UFES
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
502
Link de acesso: http://repositorio.ufes.br/handle/10/5230
Resumo: Estudos etnobotânicos têm sido relevantes no resgate de conhecimentos locais, sendo os mercados e feiras regionais importantes na aquisição de informações sobre o uso da flora de uma região. Os erveiros apresentam-se como agentes na manutenção, transmissão e divulgação do conhecimento popular sobre as plantas e seus usos. Diante disso, esse capítulo teve o objetivo de conhecer os mercados e feiras onde se encontram comerciantes de plantas medicinais e ritualísticas, as plantas comercializadas por eles, seus usos e os saberes atribuídos a elas em quatro municípios do norte do Espírito Santo: São Mateus, Conceição da Barra, Pedro Canário e Nova Venécia. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas no período de agosto de 2012 a agosto de 2013 com nove erveiros. As plantas foram adquiridas por compra onde eram comercializadas ou coletadas em locais indicados pelos erveiros, herborizadas e identificadas. Foram separadas as autóctones e alóctones; e as naturalizadas das cultivadas. Empregou-se o índice de similaridade de Jaccard, através do método UPGMA, usando a plataforma R. Realizou-se também uma análise de rede de interações, de acordo com as espécies que são comercializadas por cada um dos erveiros e formas de obtenção dessas. O conhecimento dos erveiros vem, em sua maioria, de seus familiares, porém demonstram também ter influência de outras fontes de conhecimento, como programas de televisão e livros. A faixa etária entre eles varia dos 30 a 70 anos e são em sua maioria mulheres. Os erveiros que citaram maior número de espécies são os mais velhos e menos escolarizados. Foram encontradas 155 morfoespécies, sendo que 23 não puderam ter identificação botânica. As famílias mais representativas foram Asteraceae (21 ssp.), Fabaceae (13 ssp.), Lamiaceae (11 ssp.) e Poaceae (5 ssp.). Das cinco formas de obtenção das plantas pelos erveiros a de maior destaque foi através de compra em distribuidoras ou em outros mercados, principalmente entre os erveiros do Mercado Municipal de São Mateus (71,6%) e Nova Venécia (23,2%). O fácil acesso aos fornecedores de plantas ensacadas pode desestimular esses comerciantes à prática do cultivo e da coleta. Por demonstrarem conhecer a existência de leis que regulam coletas de plantas, provavelmente as informações sobre coleta não representem o que ocorre no cotidiano deles. A maioria das espécies é de hábito herbáceo (48%), seguido dos hábitos arbóreo (31%), arbustivo (12%), trepador (9%) e epifítico (1%). Destaca-se o uso das folhas (46%), resultado muito comum em mercados e feiras do sudeste e cascas (22%), mais comuns em mercados do nordeste. Foi citado maior número de espécies de uso medicinal (93%) do que ritualístico (6%), o que pode representar uma omissão de indicação para esta finalidade e 1% de uso veterinário. Das espécies identificadas 47% são autóctones, enquanto 53,2% são alóctones, 37,3% são naturalizadas e 62,6% são cultivadas. O dendograma de similaridade gerou dois grupos. Um entre os três erveiros que citaram maior número de espécies, sendo os de maior similaridade os que mais cultivam e outro entre os erveiros de São Mateus e o de Pedro Canário, que citaram maior número de espécies arbóreas.