“P’ra ser Kariri a gente tem que dobrar a história”: processos de territorialização e afirmação étnico-política dos Cariri de Poço Dantas-Umarí no município de Crato-CE.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: SILVA, Miscilane Costa.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/28814
Resumo: A dissertação discute o processo de identificação, organização e territorialização dos Cariri, umas das 16 etnias do estado do Ceará. A área territorial do que hoje designamos como região Nordeste é indicada como sendo uma área de colonização importante e antiga no contexto de formação da nação brasileira, na qual a população indígena experimentou um profundo e persistente impacto econômico e sociocultural dos empreendimentos econômicos e religiosos da atuação colonial portuguesa. Ao longo do exercício de pesquisa, que se fez a partir da consulta dos textos históricos, sociológicos e etnológicos, como também a observação das atividades e as conversas e entrevistas com os que se dizem Cariri de Poços Dantas - Umarí, compartilhamos da perspectiva que informa a existência e resistência indígena no Nordeste, como sendo marcada por diferentes processos de territorialização, que é descrito enquanto um movimento pelo qual um objeto político-administrativo se transforma em uma coletividade organizada, formulando uma identidade própria e instituindo mecanismos de tomada de decisão e de representação, e reestruturando as formas culturais. Seguindo a sugestão construída por João Pacheco de Oliveira tomei as enunciações e os embates em tomo da legítima existência de um Povo Indígena Kariri no Crato (Ceará) como a questão a ser explicitada pela dissertação, tanto do ponto de vista dos diferentes mediadores — agentes estatais, intelectuais regionais, pesquisadores — como os povos indígenas, com ênfase para os que vivem atualmente no território do estado do Ceará, e os próprios Cariri. As populações indígenas do Nordeste e do Ceará enfrentaram experiências e situações históricas distintas, ao longo dos séculos XIX e metade do século XX, com cenários de embates, disputas políticas, econômicas, religiosa e social, incorporadas por diferentes agentes sociais e étnicos, com ênfase ao discurso do desaparecimento total das populações indígenas que habitavam a região do Crato. Desse modo, é uma questão que atravessa a experiência Cariri e a nossa dissertação: se o Ceará foi a primeira província que afirmou o desaparecimento da presença indígena em meados do século XIX, nos confrontamos com a emergência indígena a partir da década de 1970, culminando ao longo das últimas quatro décadas com processos de identificação indígena no Ceará como os Cariri de Poço Dantas - Umarí, que estão se articulando e aos poucos conseguindo borrar esse cenário de negação e de discursiva do total extermínio das populações indígenas do Estado. Com a pesquisa foi possível perceber que no Sítio Poço Dantas no município de Crato, sul do Estado do Ceará, os Cariri vivenciam desde o ano de 2007 processos de organização política nos quais o autor reconhecimento e afirmação étnica estão intimamente relacionados a busca por direitos e melhores condições de vida.