Infância, políticas e mudanças geracionais: um estudo socioantropológico na zona rural de Orobó.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SANTOS, Patrícia Oliveira Santana dos.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/24984
Resumo: Esta tese tem como objetivo compreender os processos de mudanças na vivência da infância das crianças do campo. O lócus da pesquisa é a zona rural de Orobó, um pequeno município localizado no Agreste Setentrional de Pernambuco. Apoiada no referencial teórico das Ciências Sociais, realizei uma pesquisa qualitativa. Para a coleta de dados, foi pertinente combinar a vivência etnográfica, a observação participante, a entrevista em profundidade, a análise da trajetória de vida dos pais das crianças, assim como o estudo de registros em texto e em desenho realizados em papel pelas crianças. No processo de coleta de dados empíricos, o aspecto da vida social que mais se destacou foi o trabalho. Observei que a infância dos pais e avós da atual geração de crianças foi marcada pelo trabalho, pela execução de atividades físicas voltadas à subsistência familiar. Em certa medida, pude constatar na pesquisa que o trabalho se revelou como o marcador social que diferencia a vivência da infância entre as gerações passadas e a geração atual. No presente, o envolvimento das crianças com o trabalho é reduzido, se comparado com o que realizaram seus pais e avós na infância. Esse fato parece fazer parte de um processo de mudança geracional. Observei com a pesquisa que essa mudança ocorreu a partir do cruzamento de alguns fatores. Houve uma mudança do lugar de socialização das crianças do meio rural. Antigamente a socialização acontecia no roçado, na casa de farinha, ―em cima da gamela‖. Na última década a escola passou a ser o lugar privilegiado de encontro das crianças. Nas últimas décadas foram implantadas diversas políticas públicas, as quais possibilitaram mudanças estruturais na construção das casas, da escola, na implementação do transporte escolar, na construção de cisternas, fossas cépticas, posto de saúde com funcionamento regular e outras tantas melhorias locais que afetam significativamente as vivências da infância na zona rural. Das políticas públicas implantadas na região, o Programa Bolsa Família foi o que ganhou maior notoriedade neste estudo. Diversos dados sinalizam que este Programa é o que mais impacto exerce sobre o uso do tempo das crianças e sobre a relação que as mesmas estabelecem com o trabalho e com suas famílias. No final da pesquisa constato que na última década ocorreram mudanças significativas nas vivências da infância. No entanto, pode-se perceber que a erradicação do trabalho infantil nas zonas rurais continua sendo um desafio para o Estado.