O INSA e o seu “não lugar” no semiárido brasileiro: rupturas, disputas e discursos científicos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SANTOS, Ana Paula Silva dos.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/37301
Resumo: Esta tese objetiva problematizar como são tecidas as relações entre ciência, política e estratégias institucionais para o desenvolvimento do Semiárido nordestino, assumindo como ponto de partida o processo histórico e político que deu origem ao Instituto Nacional do Semiárido (Insa), ao tempo em que busca compreender a implementação de um mandato institucional que permitiria o desenvolvimento regional. O Insa é órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com sede no município de Campina Grande, na Paraíba, criado oficialmente em 2004, na gestão do Presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), como a primeira Unidade de Pesquisa (UP) do MCTI no Nordeste. Foi concebido no contexto do debate entre diferentes atores sociais sobre as desigualdades sociais e regionais e sua relação com a política de ciência e tecnologia no país, e sobre os desafios específicos do território semiárido. Em quase duas décadas de existência, apesar de ter conquistado importância e reconhecimento, o Insa ocupa atualmente um não lugar no Semiárido brasileiro. Compreendemos o Insa como um campo de interesses e disputas, e que sua constituição faz parte de um processo que envolve relações de poder e conflitos. Adotamos uma metodologia de pesquisa qualitativa, cruzando dados e evidências advindas da realização de entrevistas semiestruturadas com informantes chave, da observação direta, da análise documental e de registros dispostos em sítios eletrônicos e redes sociais. A conclusão do exercício de pesquisa revelou que a criação e constituição desse Instituto gerou e ainda gera, ao mesmo tempo, desconfiança e expectativas na sociedade brasileira, particularmente em parte da comunidade científica e na ampla população do Semiárido nordestino, quanto ao seu efetivo mandato e missão institucional. Isso tudo como resultado da herança processual atravessada por um movimento político-institucional de rupturas e continuidades no seu dizer e fazer CTI na e para a região semiárida, que refletem na sua autoimagem; ora pela tentativa de implementação de uma instituição de desenvolvimento, ora pelo esforço para reordenar um mandato, consultado e demandado, essencialmente de articulação, ora pelo direcionamento de um mandato essencialmente de pesquisa. Há elementos relevantes da ação do Insa que precisam ser coletiva e criticamente revistos à luz do campo científico, de modo a não mais permitir que o campo político e a herança patrimonialista sejam os elementos centrais que definem a Instituição.