Jackson do Pandeiro o rei do ritmo: a construção de um artista monumento.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: BARROS, Lucilvana Ferreira.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/1915
Resumo: Este trabalho analisa como emergiu nas últimas décadas do século XX e início do XXI na cidade de Alagoa Grande/PB, e no Estado da Paraíba, um jogo de imagens e discursos responsáveis pela construção do cantor e compositor paraibano José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro, em um Artista-monumento da cultura local. Investiga as condições de possibilidades por meio das quais a Paraíba e a cidade natal do músico, imersas em um movimento de revalorização das culturas locais, reacionam a imagem de Rei do ritmo atribuído a Jackson transforma-o em um monumento da música paraibana, uma escola a ser seguida pelos músicos das futuras gerações. Assim, partindo da perspectiva arqueogenealógica proposta por Foucault (2003; 2012) em verificar como se dá, através da história, a constituição de um sujeito que não é dado definitivamente, pronto e acabado, mas que se constitui no interior da própria história, e que é constantemente, a cada instante, fundado, refundado ou mesmo reelaborado dentro dela, decompõem-se as linhas de agenciamentos que foram responsáveis por construí-lo tal qual o conhecemos no tempo presente: um monumento da música/ cultura paraibana. Deste modo, analisando os vários fios discursivos responsáveis por construí-lo a partir desta ótica, observamos que estes emergiram em meio a duas temporalidades distintas: nas décadas de 50 e 60, auge de sua carreira, e na década de 80, quando a sua história começou a ser escrita novamente tendo como função servir como meio de promover um "resgate" do passado, de manutenção de uma cultural musical tida como autêntica/verdadeira do Estado/região, ameaçada pela poética da desestabilização cultural engendrada em finais do século XX e início do XXI. Assim, investigando a paisagem cultural de reavivamento de suas memórias no cenário paraibano pós década de 80, foram analisados jornais, revistas, entrevistas, homenagens, e uma biografia "Jackson do Pandeiro Rei do Ritmo", lançada pela Editora 34 em 2001. No que concerne à cidade natal do músico, analisou-se a construção de Jackson do Pandeiro enquanto um Artista-monumento desta espacialidade, cartografando o movimento por meio do qual a administração municipal, vem buscando trazer visibilidade para a cidade por meio da imagem do músico, como se pôde observar em 2008 com a construção de um pórtico em forma de pandeiro na entrada da cidade com uma placa em suas proximidades contendo as frases: "Alagoa Grande: terra de Jackson do Pandeiro", e a inauguração do "Memorial Jackson do Pandeiro" em dezembro de 2008. Investigaram-se também o conjunto de artesanatos presentes no "I Salão do Artesão de Alagoa Grande Mãos Jacksonianas", um amálgama de objetos e imagens que partindo dos interesses comerciais e turísticos do município apropriam-se da imagem do artista para promoção da cultura local, demonstrando que o trabalho de reativação da imagem do músico no município também partiu de um desejo turístico- comercial para a promoção da cultura local. Por fim, analisou-se como estes discursos foram recebidos pelos cidadãos locais, a forma como tais moradores foram subjetivados pelo arquivo de imagens e discursos construído e publicizado nos últimos anos nesta espacialidade, observando que existe na cidade uma batalha de memórias acerca do ritmista, pois para além da imagem do Cidadão-monumento elaborada para o mesmo existe no município uma memória dissidente que quebra a imagem "hegemônica" do artista no local, uma memória "proibida"/ "clandestina", que inventa outros discursos acerca deste, atribuem-lhe outra imagem, outro corpo, outra identidade fora dos moldes construídos pela memória oficial.