Drama, morte e vida dos órfãos de Pau de Colher: rito, memória e identidade - uma história do percurso de voltar à terra.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: LEANDRO, Ana Lucia Aguiar Lopes.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS - CH
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/27769
Resumo: A presente tese procura refletir sobre a trajetória de um grupo de meninos órfãos do movimento denominado Pau de Colher ocorrido em 1938, no Norte da Bahia. A referenda empírica e o grupo de trinta e duas crianças retiradas de sua região de origem e colocadas, pelo Estado, por um longo tempo, na liminaridade. A compreensão dessa trajetória e. nesta, a organização, pelos órfãos de sua communitas, não pretende restringir-se a uma trajetória desprovida de sentido e nem a um período de suspensão de papeis cujo cotidiano tenha sido superficial, banal ou um refugio para o desencanto. Assim, o cotidiano da liminaridade, a qual foram colocados, indica uma produção social na qual a memoria, com aparato do ethos, foi estrategia dos órfãos para manutenção da pertença. O entendimento da memoria, como questão sociológica, nesta tese, pretende apontar sua função não só social, mas interventora no processo de constituição de um caminho de volta para órfãos que, no isolamento, se agarraram a ela para se manterem indivíduos. Esse aspecto e o eixo norteador da analise que farei a seguir, do rito de passagem dos órfãos de Pau de Colher e, para tanto, trato memoria, para alem de seus adjetivos, não importa, foi capaz de ser evocada e desenhar um cotidiano liminar efervescente. Apontou, assim, a possibilidade, através da memoria, conhecimento do detalhe, da singularidade em lugares pouco prováveis como sentimento, amor, orgulho, honra étnica e o papel da memoria nas praticas e instituições da sociedade. O cotidiano vivido pelos trinta e dois órfãos de Pau de Colher na Escola de Menores, Instituto de Preservação e Reforma, em Salvador, e defendido, neste trabalho, como o lugar de formação da communitas do grupo, lugar-depositário do ethos, apos a repressão sofrida pelos pais e consequente intervenção do Estado na acao de deslocamento das crianças para aquele instituto. As narrativas, referenciadas pela memoria do grupo, discorrem sobre a terra, seus ancestrais, a honra, a luta pela recuperação da dignidade, respeito e retorno a terra de origem. O dia a dia vivenciado pelos órfãos, na Escola de Menores, tecido de varias maneiras, constituiu-se como desafio e luta permanente objetivando fazer a "viagem de volta" a sua terra, na qual, triunfantes, se conciliaram com sua gente, com sua própria historia. O estudo aqui proposto e parte do mote - "Drama, morte e vida dos órfãos de Pau de Colher: rito, memoria e identidade e pleiteia a ideia que segue. Os órfãos foram subtraídos do convívio social e cultural do qual faziam parte. Permaneceram por um longo tempo na liminaridade. Por outro lado se inseriram numa communitas, que asseveramos concebida no Instituto de Preservação e Reforma, lugar que se consistiu no depositário do seu ethos. Entretanto, mas do que um rito de passagem, o que a historia dos órfãos mostra, e um resgate da dignidade perdida, posto que subtraída pela repressão, vai sendo consolidada no desejo de retornar, pelo amor a terra e aos ancestrais. Percorremos o deslocamento, a agregação e o regresso que as crianças traçaram tornou possível, a este trabalho, sair da letra fria, desapaixonada e dogmática do documento oficial. Por aqui, foi possível trilhar um dos significados principais da experiencia que os órfãos vivenciaram, nessa trajetória, especificamente na escola, fortalecida pela vontade de fazer a viagem de volta a terra que acreditavam terem enterrado sua alma.