Práticas econômicas e dinâmicas sociais das(os) catadoras(es) de materiais recicláveis de Campina Grande/PB em seus mecanismos de reprodução no contexto capitalista.
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29303 |
Resumo: | Os catadores de materiais recicláveis constituem um grupo heterogêneo de pessoas, com as mais variadas percepções, vivências e histórias, que podem ensejar um trabalho de coleta “individual” ou “isolado”, e que, em alguns casos, pode gerar um trabalho coletivo, instituindo cooperativas ou associações. Em torno da segunda situação se constituiu tema da chamada economia solidária, já há décadas abordada nos estudos acadêmicos do país, enquanto alternativa (ou mesmo como mecanismo de resistência) ao modo de produção capitalista, pautando-se por princípios de gestão compartilhada e democrática do empreendimento. Enquanto proposta teórica, a economia solidária contrapõe-se à lógica economicista de produção capitalista, em que as partes envolvidas buscariam unicamente o lucro e mesmo as suas escolhas para participar de determinadas atividades seria baseada em uma análise prévia do possível retorno financeiro que pode advir daquela atuação. Podemos afirmar que os catadores não coletivizados também têm uma prática que escapa de uma explicação nos moldes do capitalismo, procurando assegurar seu trabalho e sobrevivência a partir de lógica comunitária de solidariedade e reciprocidade. Com isso, não se quer dizer que os catadores (organizados ou não) estejam desconectados do sistema capitalista. Em ambos os casos, sua relação se dá de modo intersticial e nas “franjas” do sistema, à medida que fornecem matérias primas à indústria que utiliza materiais recicláveis em seu processo produtivo. Diante disso, a questão central da pesquisa foi: quais as percepções dos catadores cooperados e não cooperados da cidade de Campina Grande/PB sobre o trabalho que desempenham, sob os aspectos social, familiar, econômico, e, em especial, qual seu ponto de vista sobre o trabalho em coletividade? O objetivo principal da proposta foi identificar quais as percepções dos catadores da cidade de Campina Grande/PB sobre o trabalho que desempenham e, em especial, o trabalho em coletividade, com base nas suas trajetórias de vida e possíveis motivos ou circunstâncias para a escolha pelo trabalho em grupo ou individual, ou os percursos que os levaram a esta ou aquela situação de trabalho. Para tanto, a metodologia da pesquisa, inicialmente, percorreu uma revisão bibliográfica, das principais obras a respeito das temáticas de economia solidária, da ação coletiva e da reprodução social dos grupos marginalizados, e, em um segundo momento, foi realizada pesquisa de campo com base nas suas vivências, sendo entrevistadas(os) 19 (dezenove) catadoras(es). Como será demonstrado na presente pesquisa, tem-se como resultados que, embora os catadores cooperados componham um grupo ínfimo em relação aos que não trabalham em coletividade, a sua atuação conjunta remete a laços de reciprocidade que formam valores de solidariedade e constitui de sua atividade uma economia moral, que não tem o objetivo primordial de lucro ou de angariar recursos financeiros e privilégios individuais, mas se origina do desejo dos participantes de construir um dia-a-dia de solidariedade e cooperativismo. Por outro lado, muitas(os) das(os) catadoras(es) não coletivizadas(os) também trabalham em teias de solidariedade, ainda que não façam parte de uma estrutura formal de cooperação, mantendo uma estratégia de reprodução da unidade doméstica no contexto público, bem como promovendo a divisão do trabalho entre os membros da família. |