Socioantropologia da pesca artesanal no rio Tapajós: regime de informação enquanto regime de vida em uma vila de pescadores no lago do Juá, Santarém (PA).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SILVA, Dárnisson Viana.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/17921
Resumo: O presente estudo aborda uma comunidade de pescadores artesanais ribeirinhos situados à margem direita do Rio Tapajós nas proximidades da cidade de Santarém, no oeste do Estado do Pará. A localidade onde residem estes pescadores e do qual reproduzem seus modos de vida culturais integra um complexo ambiental descrito na Lei municipal nº 19.206 de 28 de dezembro de 2012 que define essa área como “Área de Proteção Ambiental do Parque do Juá”. Embora a lei mencionada configura a intenção dos orgãos competentes de ordenar a ocupação das terras, preservar o patrimônio natural e assegurar o bem estar das populações humanas que ali vivem, a observância do estudo identificou que a área, correspondente à 126,3465 ha, tem sofrido impactos severos em decorrência de transformações socioambientais bruscas nos arredores e no próprio Lago do Juá que constitui o parque. Tais danos ambientais como o assoreamento do lago, supressão da mata ciliar, alteração na temperatura da água e impacto na reprodução de espécies de peixes, estão relacionados à muitos problemas, dentre eles, grandes desmatamentos numa ocupação irregular em Áreas de Preservação Permanente, as APPs do Juá e o do Rio Tapajós, obras de loteamentos imobiliários de grande porte, como o Residencial Cidade Jardim (Buriti Imóveis) e o Residencial Salvação (Minha Casa, Minha Vida), e de modo mais amplo os cercos de uma política econômica local atrelada à demanda de uma infraestrutura voltada ao escoamento de grãos e subsidiada pela multinacional Cargill Agrícola S.A que interferem na produção e uso de territórios urbanos e rurais no município de Santarém. Em meio a este contexto de ameaça aos recursos de subsistência dos usuários do lago, viu-se a necessidade de aprofundamento da caracterização da populaçao residente do Lago do Juá, por meio de um sistemático estudo etnográfico, ou seja, uma longa estadia em meio aos pesquisados afim de registrar modos peculiares de conhecer seus ambientes, o que designamos aqui de regimes de informação enquanto regimes de vida. A metodologia adotada se insere na perspectiva teórica da socioantropologia da pesca, segundo Diegues (1999a), um campo de conhecimento específico direcionado a estudar sociedades haliêuticas no Brasil em diversos contextos levantando dados qualitativos, quantitativos e análise de conflitos. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, coleta de depoimentos orais, registros imagéticos e imersão de campo no período de dois anos entre os pescadores desta localidade. O resultado foi a descrição de um extenso inventário de procedimentos ambientais e de saberes ecológicos tradicionais que vinculam uma história particular de trajetos, caminhadas, assentamentos históricos e territorialidades específicas que configuram um modo de vida tradicional e o que algumas autoras vêm chamando de ribeirinidade amazônica.