Taxocenoses de meliponina, seus recursos florais e sítios de nidificação em áreas da caatinga, no Seridó Nordestino.
Ano de defesa: | 2011 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Saúde e Tecnologia Rural - CSTR PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/13635 |
Resumo: | O Seridó nordestino apresenta um quadro generalizado de perturbação antrópica e, especificamente, de redução na área de distribuição das espécies de abelhas eussociais sem ferrão, espécies nativas da subtribo Meliponina. A descoberta de uma área com remanescentes de populações naturais dessas abelhas propiciou a oportunidade de se estudar aspectos da nidificação e do uso de recursos florais em condições mais próximas das originais do que havia sido feito previamente. O objetivo geral foi estudar a fauna de abelhas Meliponina em três áreas com estados distintos de conservação das espécies de abelhas sem ferrão na região do Seridó e avaliar sua condição de existência. Foram estudadas três áreas de vegetação preservada há pelo menos 30 anos e fitofisionomias semelhantes de caatinga: Fazenda Morada das Jandaíras (FMJ) e Estação Ecológica do Seridó (ESEC), ambas no Rio Grande do Norte, e Fazenda Tamanduá (FT), na Paraíba. Em duas, há a ausência de abelhas sem ferrão ou somente uma espécie, enquanto a FMJ apresenta uma significativa abundância de ninhos de abelhas sem ferrão. Foi realizado um levantamento fitossociológico das espécies arbóreo-arbustivas da FMJ para avaliar comparativamente com dados previamente publicados das outras áreas a estrutura florestal. Para complementar o diagnóstico da riqueza de espécies de Meliponina nas áreas e avaliar a possibilidade de uma metodologia alternativa de coleta, foi investigada a eficiência de iscas durante o período seco. As características das árvores suportes para os ninhos e a densidade de ninhos foram avaliadas, bem como a disponibilidade de sítios de nidificação considerando-se somente árvores de Commiphora leptophloeos e Poincianella pyramidalis, previamente reconhecidas como preferidas para nidificação por abelhas sem ferrão na caatinga. Para avaliar a disponibilidade de recursos florais durante o período seco, foram inventariadas mensalmente as espécies de plantas lenhosas e cactáceas visitadas por abelhas sem ferrão e Apis mellifera L. No levantamento fitossociológico da FMJ, as famílias que apresentaram o maior número de espécies foram Euphorbiaceae, Fabaceae Caesalpinoidea e Fabaceae Mimosoidea. A dominância (área basal total) na FMJ foi maior do que a encontrada nas outras áreas. A família Burseraceae, representada somente por Commiphora leptophloeos, apresentou dominância relativa bastante elevada, da ordem de mais de 44%. Na FMJ a amostragem de ninhos e de visitação em flores resultou no registro da ocorrência de cinco espécies. A amostragem com iscas de solução açucarada e essências não foi eficiente mesmo no período seco, não servindo para inventários de abelhas na caatinga. A análise de 190 ninhos encontrados da FMJ confirma a importância das espécies Commiphora leptophloeos e Poincianella pyramidalis como substratos para ninhos de Meliponina em áreas de caatinga. Foi encontrada uma densidade de 1,56 ninhos/ha. A ausência de ninhos nas parcelas definidas de forma sistemática para a análise fitossociológica, demonstra que essa metodologia não é eficiente para se diagnosticar a densidade de ninhos em áreas de caatinga. Alternativamente, foi utilizado um método de definição de parcelas a partir de árvores selecionadas de maior porte, resultando em uma densidade ecológica de 20 ninhos/ha. Um fator de correção aplicado ao número total de ninhos encontrado na área resultou em uma densidade corrigida de 3,12 ninhos/ha. O registro de ninhos de Apis mellifera nas mesmas parcelas confirma a possibilidade de coexistência com as abelhas sem ferrão em áreas naturais com características semelhantes, pelo menos das duas espécies mais abundantes, embora isso não implique na ausência de efeitos competitivos negativos sobre as abelhas nativas. Em termos de recursos florais, foi registrado que na FMJ as plantas lenhosas e cactáceas fornecem recursos florais durante todo o ano, apesar de que a abundância diminui durante o período seco. Com poucas exceções, as espécies registradas na área estão também presentes na ESEC e FT, conforme estudos fitossociológicos, não havendo assim evidências de diferenças na oferta de recursos florais durante o período seco. Mas a análise da disponibilidade de potenciais sítios de nidificação indicou uma maior área basal total na FMJ, determinada pela presença de indivíduos de maior porte de Commiphora leptophloeos, o que pode servir de indício de possível restrição à recolonização na ESEC e FT pela escassez de sítios de nidificação. A abundância e diversidade de abelhas sem ferrão na área de estudo podem ser consideradas um bom indicativo do seu estado de conservação diferenciado, qualificando-a como uma área a ser preservada. Além da importância ecológica dessas abelhas, a sua conservação permitirá a continuidade do seu uso em programas de uso sustentável. |