As cores da mata branca: os sertões das caatingas de Manuel Arruda da Câmara e Henry Koster (1793-1815).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: COSTA, Raíssa Barbosa da.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/3769
Resumo: O século XVIII foi marcado historicamente como o século da razão, do pensamento científico e ilustrado. O chamado “boom científico” alcançou de diferentes maneiras os países europeus e consequentemente suas colônias, dentre as quais encontramos o Brasil. Os homens da ciência, recém-formados em História Natural pelas diversas Universidades e Academias Reais de Ciência, que ganhavam os países europeus, viram nas terras do além-mar um vasto campo para realizar suas pesquisas. Assim, a colônia portuguesa na América passou a ser visitada pelos chamados naturalistas viajantes, que além de escrever seus diários de viagem, produziram também um vasto acervo de documentos, de minuciosos relatórios científicos com catalogação de plantas, animais e minerais nativos destas terras. A natureza brasileira finalmente passaria a ser reconhecida para além da exuberância e do exotismo, passando a ser pensada em suas singularidades e diversidade ambiental do que hoje compreendemos como os biomas brasileiros. O sertão nordestino também foi palco para alguns desses itinerantes, que observaram as Caatingas junto com suas faunas e floras em momentos de seca e de cheias, indo desta forma muito além das ideias difundidas na segunda metade do século XIX sobre os sertões, principalmente após a chamada “grande seca de1877”, colocandoo assim quase como sendo um sinônimo de seca e miséria. Diante destas considerações, o presente trabalho busca refletir sobre as imagens produzidas acerca do sertão das caatingas nordestinas, principalmente na tentativa de mostrar que muito desses novos olhares sobre a região, que visão mostrar suas singularidades, riquezas e potencialidades, já se fizeram presentes nos relatos de naturalistas que por estas terras caminharam nas últimas décadas do século XVIII e alvorecer do século XIX, influenciados pelas novas ideias do naturalismo-utilitário, como também, pelas concepções fisiocratas ainda presentes nas políticas coloniais, principalmente na portuguesa. Dentre os numerosos itinerantes que enveredaram pelas terras brasileiras elencamos para esta pesquisa o naturalista luso-brasileiro Manuel Arruda da Câmara e seus escritos botânicos sobre as Capitanias do Nordeste da América Portuguesa, ou melhor, os sertões de Pernambuco, Paraíba e Ceará, e o diletante Henry Koster, britânico, que sem qualquer pretensão científica cruzou os umbrais do sertão, produzindo um diário com ricos detalhes sobre a população e a cultura sertaneja. Procuraremos, contudo, reunir diferentes fragmentos de descrições das paisagens do semiárido e da caatinga, de forma a estabelecer um cenário ambiental e humano das Capitanias do Nordeste colonial em fins dos Setecentos e na primeira década dos Oitocentos, percebendo assim, as inter-relações entre sociedade/cultura e ambiente.