Cooperação entre camponeses: um estudo a partir dos fundos rotativos solidários.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Maria do Socorro de Lima.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2266
Resumo: Na Paraíba, várias ações estão sendo executadas desde a década de 1990 pela Articulação do Semi-Arido (ASA-PB) - um fórum de entidades e pessoas unidas com o objetivo de experimentar e propor alternativas sociais e tecnológicas visando a convivência do camponês com a região semi-árida. Uma dessas iniciativas diz respeito aos Fundos Rotativos Solidários (FRS) que podem ser caracterizados como uma associação de crédito rotativo baseada na cooperação dos atores envolvidos, a partir da reputação da qual gozam e dos laços sociais de solidariedade, confiança e reciprocidade entre eles estabelecidos. O objetivo dos FRS é possibilitar aos camponeses organizados em grupos a obtenção de crédito para construir um bem de baixo custo (cisternas de placas, barragens subterrâneas, cercas de tela, entre outros), sem juros bancários, cada membro contribuindo com sua força de trabalho para a construção desse bem. Mas o processo que envolve os FRS ultrapassa a questão da aquisição de um bem material, ele possibilita a inserção de novas práticas sociais baseadas na intervenção mediadora da ASA-PB que propõe um tipo de ação coletiva cuja intenção é possibilitar a gestão e organização dos FRS pelos próprios camponeses. A pesquisa foi realizada na comunidade rural de Mandacaru localizada no município de Soledade, no Cariri paraibano. Os dados revelaram que os FRS se apoiam e reforçam os laços sociais de confiança, reciprocidade e solidariedade existentes na comunidade. É na comunidade que eles apresentam sua verdadeira forma, já que esta é vinculada diretamente à realidade das relações sociais lá estabelecidas. Os FRS dependem da maneira como os membros dos grupos se relacionam entre si e com os mediadores, bem como da forma como conduzem suas ações individuais e coletivas. Eles estão fortemente atrelados às normas de conduta e às regras sociais de um grupo. Assim, se numa comunidade prevalecem o individualismo e relações sociais assimétricas, a cooperação de que os FRS necessitam para funcionar pode acentuar as desigualdades; ao contrário, se o aspecto mais forte é o sentimento de ajuda mútua que impulsiona as relações simétricas baseadas na pouca diferenciação entre os indivíduos, a cooperação é facilitada, reforçando o sentimento de solidariedade e a ação conjunta. Em Mandacaru, a princípio, os FRS exacerbaram as diferenças sociais e a concentração do poder por parte de um grupo que historicamente ocupa um lugar de poder na comunidade. Contudo, as experiências compartilhadas pelos indivíduos, em particular o fato da comunidade ter a possibilidade de assumir a gestão dos Fundos e de decidir sobre sua utilização, criaram uma nova situação que facilitou a cooperação entre os camponeses de Mandacaru e o funcionamento satisfatório dos FRS.