Entre roçados e reuniões: memórias de assujeitamento e a condição quilombola diante dos desafios de gênero e geração em Matão-PB.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SOUZA, Vanessa Emanuelle de.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4710
Resumo: O cenário brasileiro, no momento posterior à Constituição Federal de 1988, abriu espaço para o reconhecimento e regularização dos territórios quilombolas. A fim de compreender a diversidade que estes territórios possuem se constituiu essa tese. A partir de um exercício de pesquisa realizado na região Agreste do Estado da Paraíba, no quilombo Matão, ao qual tivemos a oportunidade de chegar quando este passava pelo processo de produção do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Território (RTID), no ano de 2008. Desde então, estabelecemos uma relação de pesquisa que vem acompanhando as várias fases do processo de reconhecimento do território quilombola. Buscamos compreender os esforços de manutenção da vida e da reprodução social nesta terra, tendo em vista as condições adversas a que estão submetidos. Para tanto, realizamos uma pesquisa que prezou pela compreensão da vida cotidiana através das histórias de seus moradores, contadas em conversas e entrevistas. Também foram importantes os momentos de convivência fora do lócus da pesquisa, em cidades vizinhas, feiras e eventos. Encontramos uma situação marcada por relações de trabalho e vizinhança construídas tradicional e historicamente, que remete a uma condição de subordinação e que é tratada pelos mesmos através da categoria de assujeitamento; esta situação implicava uma luta para se garantir a sobrevivência e manutenção da posse do seu território. Esse cenário passou por uma série de transformações com a participação de organizações que atuam com a causa quilombola. O processo de autorreconhecimento possui impacto direto nas suas vidas, constrói novas visões de mundo e oportunidades de negociação. Contudo, compreendemos que esse universo é recortado por elementos construídos internamente e que ditam a vida e a forma de inserção no cenário das reivindicações, a saber: gênero e geração. É através desses elementos que os moradores experimentam as consequências do envolvimento no universo da reivindicação de direitos específicos e que legitimam ou não a participação dos mesmos nesses cenários. Durante a realização da pesquisa, deparamo-nos com as histórias de vidas e as demandas a que estão submetidos homens e mulheres, jovens e idosos. Seus projetos de vida e práticas são, de acordo com o gênero e a geração, distintos e, em alguns casos, conflitantes. É, através desses marcadores locais, que se sentem os impactos do autorreconhecimento, e são eles que legitimam a participação de cada morador nos elementos trazidos ao lugar, através de seu reconhecimento enquanto quilombolas.