Caracterização físico-química e sanitária das águas superficiais usadas na irrigação de hortaliças (alfaces, Lactuca sativa L.) e dos solos irrigados nos municípios de Lagoa Seca e Sapé (PB).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: BARROS, Aldre Jorge Morais.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - CTRN
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9708
Resumo: A pesquisa teve como objetivo a caracterização físico-química e sanitária das águas usadas na irrigação de hortaliças (alface - Lactuca saliva), das alfaces e dos solos irrigados em 5 hortas situadas em dois municípios vizinhos da cidade de Campina Grande (PB). 0 trabalho foi realizado em 2 hortas do município de Sape (7°06'S; 35°14'05"W) e em 3 hortas do município de Lagoa Seca (7°10'15*S; 35°51'13"W). Acoleta das amostras {água de irrigação, alface e solos) foi realizada com frequência quinzenal, no período de fev - jul/96 (época de chuva) e de set/96 a jan/97 (época de estiagem). Nas amostras de água foram analisados os parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, DBO5, sólidos totais e frações, alcalinidade, formas de nitrogênio e fósforo e cálcio entre outros), biológicos (clorofila a) e microbiológicos (coliformes fecais e estreptococos fecais). Foi feita a avaliação do nível trófico dos mananciais e foi aplicada a classificados de River side (Richards, 1954). Nas amostras de solos foram determinados as concentrações de íons (cálcio, magnésio e sódio, entre outros), carbono e matéria orgânica. Os parâmetros microbiológicos coliformes fecais, Escherichia coli e estreptococos fecais foram avaliados nos solos e nas alfaces coletadas nas 5 hortas e em feiras livres. Nas águas de irrigação 0 pH foi constante e próximo ao neutro não afetando as culturas irrigadas. Os valores mais elevados (8,3) foram associados a atividade fotossintética das,algas (consumo de dióxido de carbono - correlação positiva significante entre pH e clorofila a: r=0,4854; a = 0,05), assim como a composição química dos solos ricos em carbonates e bicarbonatos. Em consequência, alcalinidade e dureza foram elevados (correlação positiva entre dureza e cálcio: r= 0,9162; a = 0,05; e dureza e bicarbonato: r=0,9568; a = 0,01). A condutividade elétrica foi elevada (704 e 1394 umhos/cm), com aumento na época seca. Valores altos são próprios de açudes nordestinos, relacionados com a concentração dos sais (correlação positiva significativa de condutividade elétrica com sólidos suspenses totais: r = 0,5498; a=0,01 e com sólidos totais fixos (r = 0,5375; a = 0,01). Em duas hortas a condutividade elétrica esteve também influenciada pela entrada de águas de esgotos (correlação positiva significante de condutividade e DB05: r=0,3631; a = 0,05 na chuva e r = 0,5098; a = 0,05 na estiagem). As variações de oxigênio dissolvido (14% de saturação na época de chuva ate 115% na estiagem), relacionaram-se com a maior atividade fotossintética, devido ao numero de horas de radiação fotossinteticamente ativa. A matéria orgânica biodegradável (DBO5) apresentou fortes flutuações de 1 mg 02/L ate 28 mg 02/L, associados com 0 arrasto de material orgânico desde da bacia de drenagem pela precipitação pluviométrica e como 0 aumento de biomassa algal na estiagem. Os valores de cálcio, magnésio, sódio e potássio variaram entre os diferentes mananciais e nas diferentes épocas. As maiores concentrações ocorreram na época de seca, e mantiveram-se dentre da faixa apropriada para irrigação. Os valores mais elevados de potássio se relacionaram com a entrada de esgotos (correlação positiva significativa de potássio e coliformes fecais: r = 0,8800; a = 0,05 e de potássio e amônia: r = 0,9831; a = 0,01). O sódio apresentou também fortes flutuações com as maiores teores no verão, devido a evaporação. As águas de todas as hortas foram classificadas com C3S1 (Richards, 1954), indicando que não podem ser usadas em solos com deficiência de drenagem. Os teores de fosforo e nitrogênio classificaram estas águas como politróficas e hipereutróficas, evidenciando altos teores de nutrientes fertilizantes. A fertilização dos solos com estrume bovino elevou o pH de levemente acido (solos não cultivados: 5,7 - 6,5) a básicos (solos cultivados: 7,7 - 8,3), valores estes apropriados para culturas (Emater-PB). A adubação causou também aumento de cálcio, magnésio e potássio de 1,2 a 5,7 vezes em relação aos solos não cultivados e o sódio teve um aumento de ate 22 vezes. Os solos cultivados.apresentaram fosforo disponível em concentrações 41 vezes esses superior aos não cultivados. Comportamento semelhante foi observado para o nitrogênio (pobres em nitrogênio antes da fertilização e depois super fertilizados). A relação C:N foi de 0,14 a 9,66 nos solos não cultivados e entre 10,1 a 32,5 nos cultivados. A relação 10:1 e considerada apropriado (Emater- PB, 1979). As análises microbiológicas evidenciaram fortes flutuações de coliformes fecais, Escherichia colie estreptococos fecais nas águas, nos solos e nas culturas. Nas águas de irrigação apenas 12% das amostras apresentaram < 1000 CF/100mL Este e o valor máximo aceito pela OMS (1989) para irrigação irrestrita. A maior contaminação correspondeu a horta H3, alimentada por um córrego poluído com esgotos. Na época de estiagem foram determinados os maiores valores de coliformes fecais, associados ao maior uso desses corpos aquáticos nesta época (correlação positiva significativa entre coliformes fecais e DB05: r = 0,4732; a = 0,05; e entre coliformes fecais e sólidos suspensos totais: r = 0,4295; a = 0,05; e coliformes fecais e fosforo total: r = 0,4992; a = 0,05), associado a entrada de matéria orgânica contaminada. Nas aifaces das hortas os valores de coliformes fecais foram elevados (103 - 106 NMP/g), e semelhantes aos solos. Valores mais altos foram encontrados nos estrumes (105 a 106 UFC/g), sugerindo que eles contribuíram com a contaminação fecal dos solos e das alfaces. As maiores variações ocorreram no período de seca. As alfaces adquiridas nas feiras livres tiveram valores médios entre 10* e 105 NMP/g, indicando contaminação fecal alta e semelhante a das hortas. Em todas amostras onde os coliformes fecais estiveram presentes foram identificados Escherichia coli, indicando a origem fecal da contaminação. Conclui-se que as águas usadas na irrigação dos vegetais a serem consumidos crus, não cumpriram com os padrões do CONAMA (20/86) apresentando elevada contaminação fecal. Também o vegetal irrigado apresentou-se contaminado e fora dos padrões do DINAL (1987), a igual que as alfaces vendidas nas feiras livres. Alem das águas contaminadas, o estrume, embora tenha aumentado a fertilidade dos solos (fornecendo íons fósforo, nitrogênio e matéria orgânica), contribui fortemente com a contaminação dos mesmos.