Biossólido como fonte de nutrientes para o algodão herbáceo e seu efeito residual no milho.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: ALCÂNTARA, Roselene de Lucena.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Ciências e Tecnologia - CCT
PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/16827
Resumo: Avaliou-se a influência do lodo de esgoto, proveniente de um reator anaeróbio de fluxo ascendente, sobre o crescimento e desenvolvimento das culturas do algodão herbáceo colorido BRS verde e do milho híbrido AG 1051. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação da EMBRAPA-Algodão, Campina Grande, Paraíba. O delineamento foi em blocos casualizados, em esquema fatorial [(5x2)+3], representado por cinco dosagens (70, 140, 210, 280 e 350kgN/ha) e duas consistências de lodo (seco e pastoso/calado), mais três testemunhas: absoluta (solo), adubação mineral (nitrogênio, fósforo e potássio) e adubação orgânica (esterco bovino), com quatro repetições. A unidade experimental foi representada por vasos plásticos com capacidade de 21L, totalizando treze tratamentos e cinqüenta e dois vasos. A calagem foi realizada a 50% do peso seco do lodo (sólidos totais) e a secagem foi ao ar, em casa de vegetação, durante 20 dias a uma temperatura de 26-38oC. O esterco bovino foi incorporado na dosagem de 20t/ha. Foram utilizados os seguintes adubos minerais: sulfato de amônio (20% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O). No primeiro experimento (algodão colorido BRS verde) foram avaliadas as seguintes variáveis: altura de planta, diâmetro caulinar, fitomassa (aérea e radicular), número e peso de capulho, rendimento (pluma + sementes e em pluma), peso de cem sementes, comprimento de raiz, percentagem de fibra e as qualidades tecnológicas da fibra. O segundo experimento foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito residual do lodo sobre o desenvolvimento inicial de plantas de milho híbrido AG 1051, sendo determinadas as seguintes variáveis: altura de planta, diâmetro caulinar, área foliar (por folha e por planta), fitomassa (aérea e radicular) e comprimento de raiz. Decorridos 55 dias de cultivo, o experimento foi encerrado e realizada análise de diagnose foliar (teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio) e de solo (pH, teores de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, sódio e alumínio), nos diferentes tratamentos. Os materiais constituídos por solo, lodo, esterco e líquido percolado, foram submetidos à caracterização física, química, microbiológica e parasitológica. A calagem promoveu a remoção de 100% dos microrganismos indicadores de contaminação fecal (Escherichia coli e Estreptococos fecais), enquanto que para a secagem, os resultados foram de 99,7% de Coliformes totais, 98,9% de Coliformes fecais, 82,4% de Escherichia coli e 92,5% de Estreptococos fecais. Quanto ao teor de metais pesados determinados nas amostras de lodo, estes ficaram muito aquém do máximo permissível para uso agrícola do lodo (USEPA, 1992), permitindo, portanto, a sua utilização na agricultura. O líquido percolado foi classificado como de alta salinidade, apresentando aumento dos íons cloreto e sódio, o que poderá elevar os riscos de salinização do solo e à provável deterioração das águas subterrâneas. Para a cultura do algodão, houve resposta significativa da interação consistência x dose nas variáveis: número de capulho por planta, rendimento (pluma + semente e em pluma) e fitomassa aérea. A incorporação do lodo seco ao solo, em cada dose estudada, proporcionou aumento das variáveis supra citadas. Quanto às doses de lodo seco, obteve-se produção máxima de 12 capulhos/planta (243kgN/ha), rendimento (pluma + semente) de 47g/planta (300kgN/ha), rendimento em pluma de 12g/planta (231,5kgN/ha) e fitomassa aérea de 108g (316kgN/ha). Em relação ao contraste fatorial versus testemunha, verifica-se superioridade do fatorial em cada testemunha analisada, para essas variáveis. Quanto às testemunhas, as plantas cultivadas com esterco e adubo mineral, de maneira geral, superaram àquelas cultivadas apenas com o solo (testemunha absoluta) em todas as variáveis estudadas. Houve efeito positivo do lodo seco no crescimento (altura e diâmetro) e na fitomassa radicular do algodoeiro. Com relação à qualidade tecnológica da fibra, o aumento das doses de lodo seco promoveu redução de: uniformidade de comprimento, resistência, alongamento, índice de fiabilidade; e aumento do índice de fibras curtas. Por outro lado, constatou-se efeito residual do lodo seco nas plantas de milho, disponibilizando um maior teor de nutrientes às suas folhas, além de proporcionar um maior crescimento (altura e diâmetro), aumento da área foliar por folha e por planta e da fitomassa (aérea e radicular), principalmente a partir de 210kgN/ha de lodo seco. Quanto às variáveis determinadas no solo procedente dos diversos tratamentos, constatou-se para a maioria delas, superioridade dos tratamentos que receberam lodo seco. Com base na determinação do potássio nas folhas de milho, o maior teor ocorreu nos tratamentos que receberam o lodo pastoso, nas doses de 210 e 280kgN/ha; por outro lado o aumento das doses de lodo, contribuiu para reduzir o teor deste macronutriente no solo. Com referência ao contraste fatorial versus testemunha, em geral o fatorial se destacou em todas as variáveis, exceto para o potássio no solo, onde as plantas cultivadas em solo (testemunha absoluta), com adubação mineral ou orgânica se destacaram do fatorial. A utilização agrícola do lodo de esgoto é viável, desde que seja realizado um monitoramento das suas condições sanitárias, considerando a viabilidade dos ovos de helmintos e a presença de coliformes totais e fecais no solo, objetivando satisfazer alguns pré-requisitos que tornem seu uso seguro para os seres humanos, animais e o ambiente.