Entre novos paradigmas e velhas práticas: a convivência com o semiárido na agricultura familiar do sertão de Pernambuco (Brasil).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SIEBER, Shana Sampaio.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/120
Resumo: O objeto desta tese foi construído em torno do paradigma da convivência com o semiárido no município de Serra Talhada (Sertão de Pernambuco); respaldado por um diálogo entre a sociedade civil e o Estado, legitimado sob a forma de um Plano Municipal de Convivência com o Semiárido em 2014. A nossa intenção foi problematizar o conteúdo desse diálogo, partindo do pressuposto que o discurso da convivência com o semiárido é enunciado pelo protagonismo da sociedade civil, mas na prática reproduz uma confluência perversa com o Estado, mantenedora de continuidades revestidas por veias democráticas, em que o Estado se torna lugar de interesse comum. Pretendemos compreender quem são os atores envolvidos nesta relação de convivência num lugar contraditório e incerto tomado, pelo menos discursivamente, por posições que ora se tornam críticas e ora cúmplices, respaldados pela crença de uma oposição capaz de reproduzir um Estado ampliado de controle democrático, em que a sociedade civil está presente. O exercício metodológico privilegiou a observação de reuniões e eventos, a análise de documentos e entrevistas com gestores que de alguma forma acessavam a temática da convivência no seu campo de atuação. A pesquisa empírica foi fundamental para a construção do objeto de pesquisa; identificando atores, interesses e jogos políticos que trouxeram o município de Serra Talhada como campo revelador e atuante na construção do paradigma da convivência com o semiárido; e como espaço social que reivindica Ações Permanentes para o Desenvolvimento do Nordeste/Semiárido Brasileiro em contraposição às políticas de combate à seca, orientadas por um Estado ditatorial ou neoliberal. Adotamos a categoria confluência perversa como chave analítica, com base na compreensão de Evelina Dagnino, enquanto fenômeno que parece se constituir em um campo minado de interlocução entre dois projetos de Estado distintos: o democrático e participativo; e o neoliberal, no qual o Estado transfere suas responsabilidades para a sociedade civil, esta assumindo práticas capazes de servir aos objetivos do projeto que lhe é antagônico. Com a definição de Estado ilusório Pierre Bourdieu nos ajuda a compreender o processo de constituição de um ideário de representatividade, coletividade e de princípios oficiais de visão de mundo. É na dinâmica de fazer crer na sua existência, em verdades públicas como legítimas que, em tese, reside a distinção e a confluência entre Estado e sociedade civil. Como achados desta tese concluímos que a convivência com o semiárido se desenvolve no município de Serra Talhada numa confluência perversa entre o Estado e a sociedade civil sob um significado político reduzido a um modo peculiar de fazer política, qual seja: no acesso a programas e políticas governamentais, na competição para a obtenção de cargos públicos e no oportunismo político partidário. Aqui a seca não é mais vista como um problema, mas o meio para uma convivência política entre novos e velhos atores.