Literatura e descentramento: uma análise dos aspectos paratópicos na prosa de Hilda Hilst.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: GUERRA, Clarissa Gorban Brito.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/27340
Resumo: Este trabalho, no qual analisamos três novelas de Hilda Hilst: Tu não te moves de ti (1980), A obscena senhora D. (1982) e Com meus olhos de cão (1986), tem como objetivo principal apontar os aspectos paratópicos nas obras selecionadas. Paratopia é um conceito formulado por Dominique Maingueneau e trata, basicamente, do nãolugar criado e ocupado por algumas literaturas e seus autores. Descrita como uma autora “outsider”, por fazer extrema questão de ocupar um lugar controverso no campo literário, principalmente criticando seus aspectos essencialmente comerciais em entrevistas e nas entre linhas do seu trabalho literário, Hilst buscou ao máximo em seus escritos não se enquadrar nos perfis impostos para os autores conseguirem alcançar o sucesso de vendas ou o grande público. Ela consegue realizar isso trazendo à tona temas inquietantes e tratando tabus com pouquíssimo decoro ou mesmo cuidado. Até quando trata de sexo na infância, abuso e mesmo Deus, Hilst consegue escrachar e transformar tudo isso numa risada, embora nervosa e grotesca, mas mesmo a tragedia cotidiana é motivo de graça, como se apenas a busca por Deus e respostas fizesse sentido. Apesar disso, o desejo de ser lida, contraditoriamente, sempre foi expresso e estava presente nas entrevistas dadas pela autora, ou seja, metaforicamente em muitas de suas obras. Todos os escritores literários estão inseridos em um determinado grau na paratopia, pois o fato de estar na sociedade, e ao mesmo tempo, através de suas obras dar voz as párias, ter que ser um observador distante que escreve seus pontos de vistas e nuncias sobre a mesma sociedade, criando outros mundos referentes aos que ele habita os transporta e o localiza no não-lugar. Nesse trabalho tentamos apontar que Hilst não tem êxito em alcançar facilmente nem mesmo esse não lugar ocupado por seus pares literatos, pois suas obras que afundam em um espiral quântica de fluxo de consciência, sua constante luta por não pertencer nicho literário mainstrin a coloca numa paratopia que se faz deslocada dentro do mesmo conceito criado por Maingueneau. Para seguirmos as linhas tão aparentemente “aleatórias” traçadas pela autora estudaremos a linguagem literária desenvolvida pela mesma, como também analisamos seus personagens (espelhos da escritora e seus dilemas), estudamos o espaço e o tempo existentes de forma não linear em suas narrativas, os quais, podemos constatar contribuem para deslocar a autora do lugar mais comum do cânone literário, e até mesmo de sua localização paratópica para outra ainda não descrita nem localizada.