Estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica em um reservatório eutrófico do trópico semiárido brasileiro.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: LINS, Ruceline Paiva Melo.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - CTRN
PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/16999
Resumo: O presente trabalho estudou a estrutura e a dinâmica da comunidade fitoplanctônica do reservatório Argemiro de Figueiredo-PB, com piscicultura intensiva em tanques-rede, enfocando os padrões de distribuição temporal e espacial das estratégias de vida e grupos funcionais característicos. As amostragens ocorreram entre agosto de 2007 e julho de 2009, com intervalos bimensais no primeiro ano e mensais nos dois últimos, na zona eufótica e afótica dos pontos de confluência dos rios tributários (PC), próximo aos tanques-rede (PT) e na zona de barragem (PB). As variáveis analisadas foram: precipitação pluviométrica, temperatura da água, transparência, pH, condutividade elétrica, alcalinidade, oxigênio dissolvido, fósforo reativo solúvel (PSR), nitrogênio inorgânico dissolvido (NID), biomassa fitoplanctônica e presença de cianotoxina (microcistina-LR) na água. A abordagem de grupos funcionais fitoplanctônicos e atributos morfológicos e ecológicos foi utilizada para descrever a trajetória das espécies entre períodos. A sazonalidade promoveu o estabelecimento de períodos distintos, estiagem e chuvoso. Durante a estiagem condições ambientais favoráveis no reservatório tais como elevada temperatura da água (>24°C), pH básico (mínimo 7,0 e máximo 10), pouca disponibilidade de luz subaquática (Zeu:Zmis≤1), condições eutróficas (IET=61,2±5,1- PC; 62,5±5,4-PT; 60,7±6,6-PB) e estabilidade ambiental associada ao elevado tempo de residência da água (146 dias), contribuíram para o estabelecimento de elevada biomassa fitoplanctônica constituída principalmente por cianobactérias filamentosas (estrategistas R),pertencentes aos grupos funcionais S1, Sn, H1 e MP, típicos de ambientes eutrofizados, com baixa disponibilidade de luz. Cianobactérias cocóides dos grupos M e K também foram registradas. Nesse período, as espécies dominantes foram: Planktothrix agardhii, Pseudanabaena limnetica, Cylindrospermopsis raciborskii, Dolicospermum circinalis, Oscillatoria lacustre, Microcystis aeruginosa, Microcystis sp. e Aphanocapsa incerta. Redução na biomassa e na dominância das cianobactérias ocorreu com as chuvas, em especial nos momentos de transbordamento do reservatório, quando espécies invasoras (C 11 estrategistas) e tolerantes ao estresse (S estrategistas), colonial não flagelado (Botryococcus braunii), unicelular flagelado (Chlamydomonas sp. e Peridinium umbonatum) e unicelular não flagelado (Closterium sp.) dominaram ou co-existiram no ambiente, favorecendo o aumento da biomassa dos grupos: F, P, Lo e X2, típicos de ambientes meso-eutróficos. Esses táxons predominaram especialmente na confluência dos rios tributários e na zona de barragem durante eventos de transbordamento. Próximo aos tanques-rede as cianobactérias dominaram e os valores de biomassa foram mais elevados, indicando que a atividade de piscicultura intensiva foi um importante fator de perturbação antropogênica no reservatório. Das oito espécies de cianobactérias dominantes (≥50% da biomassa total), as espécies Planktothrix agardhii, Pseudanabaena limnetica, Cylindrospermopsis raciborskii, Dolicospermum circinalis, Oscillatoria lacustre, Microcystis aeruginosa, Microcystis sp. são capazes de produzir toxinas. Durante o estudo, formação de florações tóxicas e produção de microcistina-LR foram registradas, sendo os valores mais elevados observados na estiagem (mínimo=0,93μg.L-1-dezembro/2008 e máximo=27,29μg.L-1-dezembro/2007). A ocorrência de microcistina alerta para possíveis riscos à saúde pública visto que esse reservatório é utilizado para o abastecimento humano e atividade de piscicultura intensiva. O uso dos grupos funcionais, dos atributos ecológicos e morfológicos constituem ferramentas eficazes para o entendimento das relações entre ambiente e espécies e avaliação da saúde ecológica do reservatório.