Saberes e discursos culturais sobre o uso de drogas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ferreira, Tereza Maria da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/45202
Resumo: No trabalho proposto, o objetivo é descrever rupturas e descontinuidades históricoculturais sobre o uso de drogas relacionadas ao percurso discursivo da predominância médica, psiquiátrica e farmacêutica. A problemática se faz necessária na perspectiva de pensar: quais transformações históricas, sociais e culturais ocorreram na formação discursiva da medicina e farmacologia? Tem-se como hipótese, ressaltar as distorções dos discursos deturpados de práticas e saberes preconceituosos e marginalizantes no percurso histórico-cultural sobre as drogas como forma de entendimento das significações criminalizadoras sobre a temática. O propósito é apresentar a imposição dos discursos médicos em determinados períodos históricos. Além do estudo teórico há como campo de coleta de dados a história da Comunidade Terapêutica Desafio Jovem do Ceará, considerada uma das instituições pioneiras em oferecer tratamento às pessoas comprometidas com o alcoolismo e a dependência química desde a década de 70. A referida instituição atua desde 1975 na cidade de Fortaleza, tendo como objetivo a reinserção social desses sujeitos. No referencial teórico, recorreu-se às significações teóricas de transgressão e desvios a partir de Howard Becker e Gilberto Velho, como também, do entendimento do papel da educação não formal enquanto processo educativo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho histórico, usando como metodologia a história oral da temática das drogas, referenciada pela análise da Arqueologia do Saber, de Foucault. Utilizou-se como técnica a coleta de dados e análise dos documentos cedidos pela Comunidade Terapêutica Desafio Jovem e observação contida no diário de campo. Conclui-se que, o que antes era cultura, ritual religioso, depois uma das principais formas de adquirir prazer, transformou-se em doença. Doença essa que, sobressai-se, em seus múltiplos aspectos à realidade do “louco e da loucura” nas formas de tratamento de indivíduos desviantes, pautados em um discurso patológico, e transformada, pelos saberes médicos, em doença, alienação, desajuste, irracionalidade, perversão, carregando um conjunto de práticas, concepções e saberes ancorados em uma moralidade. Ao condenar, ou na intenção de prevenir seu uso, precisa-se levar em conta sua evolução histórica em determinadas regiões, sociedade, bem como fenômenos políticos e culturais do contexto se inserem. Assim, neste trabalho, tomou-se como premissa de que a dependência não se estrutura fundamentalmente a partir da experiência com uma substância psicoativa, mas a estruturação mental de cada sujeito empresta significações singulares às experiências vivenciadas com as mais diversas substâncias psicoativas, funcionando como um filtro que possibilita a produção de vários sentidos, a depender da função que estas assumem para cada um.