Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2006 |
Autor(a) principal: |
Santos, Samarkandra Pereira dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
http://www.teses.ufc.br:
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/3264
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Resumo: |
O romance Caldeirão (1982), do escritor cearense Cláudio Aguiar (1944), ficcionaliza um dos mais tristes episódios da história do Ceará, ocorrido na fazenda homônima do romance. Em nossa análise, observamos que o romancista buscou representar “a verdadeira história” do povo do Caldeirão e de seu principal integrante, o beato José Lourenço, chegando mesmo a escolher como narrador a ficcionalização de um remanescente da comunidade, que pela verbalização de suas memórias a um repórter, constrói e reconstrói seu passado a partir das perspectivas presentes. Assim sendo, vimos a necessidade de examinar a confluência entre história e literatura, atentando às diferenças que ocorrem na passagem do fato histórico para o ato literário no romance. Dadas as especificidades do romance em estudo, foi natural questionar se esta confluência se dá no quadro do novo romance histórico latino-americano, paradigma de romance histórico que se afasta substancialmente do modelo scottiano do subgênero. Esta indagação norteou o presente estudo. Para tanto, foram abordados os traços messiânicos, os registros folclóricos e a intensidade dramática do narrador que, ao fornecer o seu testemunho, pretenso registro da experiência de muitos, o torna veículo de uma certa cosmovisão que deve ser antes atribuída ao autor do romance por seu caráter eminente sociológico. Por outro lado, podemos entender a narrativa de Caldeirão como autobiográfica, pois seu narrador já conhece todo o passado a ser reconstituído pela memória. Dessa forma, há dois planos temporais: o tempo da enunciação, do ato de narrar e o tempo das vivências narradas. Na época dos acontecimentos, Mestre Bernardino estava envolvido pelo calor das emoções e não poderia tecer longas considerações sobre sua vida, sobre o fim da sua comunidade. Mas agora, na sua nova condição de remanescente, velando o corpo do principal representante de sua comunidade, já adquiriu o distanciamento necessário para as reflexões e comentários que irá elaborar sobre atos passados e suas angústias recorrentes. Qualquer narrador, ao contar uma série de acontecimentos. adota, inevitavelmente, determinada distância temporal em relação a eles. Este distanciamento fica bem marcado ao longo do da obra, caracterizando-a também como pseudo-memórias. Verificaremos que o autor, com apuro técnico e estilístico, recorre a este artifício para tornar sua estória verossímil. Ao longo da dissertação, tentamos dar ênfase à três grandes questões tratadas em Caldeirão: as idéias que dizem respeito à tradição, à realidade histórica e sócio-cultural e aos elementos que compõem a sua narrativa. A partir do seu enquadramento no modelo do novo romance histórico latino-americano pudemos responder a essas duas interrogações que se cruzam: quais as dimensões da história no romance, e quais os elementos de romance que se fazem presente na história. Dessa forma, esperamos contribuir para o debate das relações, freqüentemente obscuras, entre o romance histórico e a história |